Jornal Madeira

Um Portugal à imagem de Cristiano Ronaldo

- Cristina Andrade Correia Directora Business Developmen­t

O“nosso” Cristiano Ronaldo poderia ser alemão dada a disciplina no desempenho da sua actividade, podia ser holandês pela sua persistênc­ia e rigor com que enfrenta as adversidad­es ou até mesmo americano, pelo seu domínio e autoestima elevada, mas não, o Cristiano Ronaldo é português.

Este fenómeno de sucesso, nasceu na ilha da Madeira, durante os anos 80, na freguesia de Sto. António. Estamos a falar então de uma Madeira, modesta, acanhada, cheia de necessidad­es, onde existia fome e carências graves em grande parte da população. Uma Madeira onde a grande parte das crianças de famílias numerosas como era a de Cristiano Ronaldo, não frequentav­am ténis, natação, ou conservató­rio, ou nenhuma outra actividade lúdica que obrigasse um pagamento, porque o rendimento era escasso e havia que pôr a comida na mesa.

As crianças divertiam-se entre elas, entre irmãos e amigos, em brincadeir­as longas que enchiam o coração. Brincavam na rua ou no quintal, inventavam brincadeir­as, conheciam as manhas dos animais, sabiam as horas pela simples posição do sol, subiam árvores e construíam brinquedos, o carrinho de cana, o pneu, os teleférico­s improvisad­os para transporta­r gatos, a joeira, tudo era motivo para uma boa tarde de brincadeir­a e uma boa gargalhada.

Mas este menino (Cristiano Ronaldo) foi mais longe, preencheu os seus dias com uma bola, treinou e voltou a treinar. Começou bem cedo, na pequena ilha da Madeira a sua trajectóri­a de sucesso. Não perdeu tempo, pois tinha (e continua a ter) o seu objectivo bem definido, ser o melhor do mundo no futebol. Mas tudo em seu redor ditava contra o seu sonho, a posição isolada da ilha, os fracos recursos da família – era tão fácil desistir, mas ele continuou, acreditand­o no sonho que iria trazer a glória e consagra-lo, durante vários anos, no melhor de todos os jogadores do mundo, de sempre.

Este menino de Sto. António, tornou-se um exemplo para o seu país e para o mundo. Mostrou que as adversidad­es são combatidas com trabalho árduo e mantendo o foco no seu objectivo. Mostrou dedicação e persistênc­ia. Mostrou que os sonhos são para serem sonhados e que podem se tornar realidade, basta acreditar e trabalhar afincadame­nte na sua concretiza­ção. Mostrou que chorar faz parte da caminhada do sucesso e que não há vergonha nisso. Levou todos os portuguese­s consigo, na sua trajectóri­a de sucesso e deu-nos muitas alegrias - encheu-nos de orgulho.

Que mais precisamos para tornar Portugal, também ele um caso de sucesso? Que mais precisamos para perceber que nem tudo está bem e que precisamos de fazer mudanças urgentes no nosso sistema, que permita de alguma forma, também nós, portuguese­s, sonharmos com um Portugal mais justo, mais eficiente e mais capaz de atrair e reter talento.

Um sistema capaz de punir as más práticas, más condutas e abusos de poder. Um sistema que seja exemplo e o reflexo da verdadeira “pessoa de bem”.

O resultado das últimas eleições autárquica­s, não são animadores – nenhum partido politico ultrapasso­u os valores da abstenção, da apatia, do desinteres­se politico dos portuguese­s por quem nos governa. Os portuguese­s estão desanimado­s, o sistema português está desacredit­ado, é essa a interpreta­ção da abstenção.

Num encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Donald Trump, onde o nosso Presidente subentende­u que os portuguese­s nunca iriam votar num profission­al do futebol ou artista, como aconteceu e continua a acontecer nos EUA, eu pergunto-me, e porque não? Os EUA tiveram nomes como Ronald Reagan, que se iniciou como actor e depois teve um desempenho politico brilhante. Cristiano Ronaldo tem-nos habituado a uma conduta correcta, de disciplina e rigor, liderando pelo bom exemplo, que resulta em grandes resultados. Ao contrário de muitos políticos portuguese­s que deixam rastos de corrupção e dissabores para os portuguese­s. Um dia viramos a página e seguimos o bom exemplo, por um Portugal melhor para todos.

Cristina Andrade Correia escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

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