Justiça em debate no Baltazar Dias
Entre ensaios e oficinas pedagógicas, o projeto ‘Ónus’ estará até domingo, dia 17 de outubro, na Madeira, na sala de espelhos do Teatro Municipal Baltazar Dias (TMBD) com vista a dedicar um tempo exclusivo à Justiça, promovendo discussão sobre esta temática, mormente junto das camadas mais jovens.
A residência artística, que conta com coprodução do Teatro Municipal Baltazar Dias, e direção e encenação artística de Ricardo Vaz Trindade, iniciou-se no dia 11 de outubro, segunda-feira, com a chegada, acomodação e preparação do espaço de trabalho. Nos dois dias seguintes, terça e quarta-feira, o tempo foi reservado para os ensaios da peça de teatro ‘Ónus’, que estreará em junho de 2022 no TMBD, conforme revelou ao JM o encenador.
“É sempre um prazer vir trabalhar à Madeira, não só porque nos põe em contacto com uma realidade com a qual não contactamos tão frequentemente (…) , mas também porque é ótimo poder contar com este local de criação e de apresentação dos espetáculos”, vincou o dramaturgo, lamentando que os espaços para ensaiar em Lisboa, de onde é natural a equipa do projeto, “não são abundantes”.
Como tal, “às vezes é mais fácil apanhar um avião para conseguir ensaiar. Assim temos um espaço que podemos utilizar o dia todo”, destacou Ricardo Vaz Trindade, referindo-se ao TMBD.
Esta produção, cujo texto tem assinatura de Fernando Giestas e Nuno Camarneiro, com cocriação de Costanza Givone, Fernando Giestas, Nuno Camarneiro e Ricardo Vaz Trindade, foi também traçada a partir de entrevistas realizadas a vários agentes ligados à justiça, desde ex-reclusos até um ex-ministro da Justiça, passando por advogados, juízes, entre outros.
Apesar de só estar em cena no próximo ano em território regional, a estreia oficial do ‘Ónus’ está marcada para dia 11 de novembro em Coimbra, no Convento de São Francisco.
Oficinas para os jovens
A par dos ensaios, ao longo desta semana vão acontecer oficinas pedagógicas, moderadas por Marta Bernardes, que serão dirigidas em especial a um público particularmente jovem, nomeadamente a alunos do 3.º ciclo do ensino básico e ensino secundário.
Nestes espaços, os estudantes serão levados a ler e a discutir algumas parábolas sobre a justiça que fazem parte desta dramaturgia, tornando mais evidentes alguns dos pressupostos da temática e colocando o público em contacto direto com algumas das problemáticas.
Nesse sentido, conforme elucidou Ricardo Vaz Trindade ao Jornal, nas oficinas serão reproduzidos julgamentos, nos quais os jovens serão advogados e júris, enquanto os dois únicos atores que subirão ao palco neste espetáculo – Constanza Givone e Ricardo Vaz Trindade – serão as testemunhas de um determinado caso.
“Eles, por um lado, terão de provar em tribunal que a pessoa é culpada, ou não, e, por outro, entrarão numa questão mais ética, de forma a perceber se aquilo que o/a arguido/a fez se trata de um crime ou não”. No fundo, prossegue, o objetivo é “promover uma discussão sobre os ideais de justiça”, reforça o encenador.
Com efeito, hoje haverá ensaios em residência artística na parte da manhã, e à tarde, entre as 14 horas e as 19 horas, serão preparados os espaços pedagógicos para que amanhã, dia 15 de outubro, seja possível pôr em prática as oficinas 1 e 2, entre as 10 e as 15 horas. De referir que já se encontram preenchidas todas as vagas disponíveis (25).
Já o dia 16, sábado, será dedicado aos profissionais e amantes de teatro. Os atores do ‘Ónus’ irão fazer uma apresentação pública do 'work in progress' [trabalho em progresso], pelas 17h30, procurando propor a observação e eventual discussão e debate sobre os temas apresentados, assim como a própria produção. “Com isto procuramos aferir como está o nosso trabalho até ao momento, confrontando-nos com as criticas dos outros”, apontou o responsável.
Apesar de estar limitado a uma lotação de 20 pessoas, ainda é possível marcar a sua presença nesta apresentação. Para isso bastará inscrever-se através do email: teatro.municipal@ cm-funchal.pt.