Consumo de novas substâncias psicoativas aumenta na Madeira e Açores
As estimativas apresentadas ontem num evento promovido pela Polícia Judiciária indicam que o consumo de novas substâncias psicoativas na Madeira é quatro vezes superior ao registado no País. Números que levam o presidente do Governo Regional a pretender colaborar com o Executivo açoriano na criação de legislação para melhorar a eficácia do combate.
Na sessão de encerramento da jornada de reflexão sobre as novas substâncias psicoativas na Madeira, dinamizada no âmbito das comemorações do 76.º aniversário da Polícia Judiciária (PJ), Miguel Albuquerque considerou que o problema atinge “de forma dramática” as regiões autónomas.
“Tendo em vista estas conclusões, tenho de trabalhar com o nosso colega dos Açores, uma vez que esta questão atinge de forma dramática as duas regiões, no sentido de fazermos pressão e trabalharmos para encontrarmos um quadro legislativo que tenha capacidade de resposta e melhore a nossa eficácia no combate a este problema”, declarou.
Já o diretor nacional adjunto da PJ, Carlos Farinha, disse que “o facto de mais de 50% daquilo que é analisado, neste domínio, pertencer à Região Autónoma da Madeira ou à Região Autónoma dos Açores significa que este é seriamente um problema regional, com todas as suas consequências em termos de impacto social”. O antigo coordenador da PJ na Madeira sublinhou ainda a necessidade de combater esta realidade e demonstrar que “o crime não pode compensar”.
Já antes, na sessão de abertura da jornada de reflexão, o presidente do parlamento madeirense, José Manuel
Rodrigues, tinha indicado que o consumo de novas substâncias psicoativas na Região é quatro vezes superior ao registado no País.
“Há um número que exemplifica a gravidade do problema: até setembro deste ano, 40% das admissões na Unidade de Agudos da Casa de Saúde São João de Deus foram de doentes com patologias relacionados com o consumo de drogas”, revelou, especificando que, desta percentagem, equivalente a 155 pessoas, na maioria jovens, a quase totalidade era consumidora das novas substâncias psicoativas.
Também presente na sessão de abertura, o secretário regional da Saúde e Proteção Civil lembrou as alterações promovidas com um decreto legislativo na Região, em 2012, que vieram ilegalizar a venda destes produtos nas ‘smartshops’, vincando que, nesse ano, cerca de três centenas de pessoas deram entrada nas urgências do Hospital Nélio Mendonça. Foram ainda registados 70 internamentos e quatro mortes associadas, com um custo de quase 100 mil euros para o erário público, indicou.
Nos últimos 11 anos apareceram em Portugal 102 novas substâncias psicoativas (NSP), entre as localidades de novos surgimentos constam a Madeira e os Açores. As ilhas são as regiões do País onde o problema dos consumos de novas drogas é maior, a seguir a Lisboa e Porto.
Neste momento, 834 substâncias psicoativas estão a ser seguidas pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência.