Abraços (quase) sem barreiras nos Lares
A resolução, aprovada na quinta-feira em Conselho de Governo, que permite que as visitas aos lares sejam sem restrições, continua a deixar algumas dúvidas no ar.
Visitas aos lares sem restrições, com permissão para contacto físico, que fazem matar as saudades (quase) como nos tempos pré-pandemia. Com cautela, não descurando as regras sanitárias em vigor, como o uso da máscara, os utentes podem começar, assim, a sentir os seus entes queridos com o calor humano de outrora.
O alívio, que acontece após a resolução aprovada na última quinta-feira em Conselho de Governo, definiu que visitas às Estruturas Residenciais de Idosos, às Unidades de Cuidados Continuados Integrados, bem como às casas de acolhimento para crianças e jovens passassem a ser realizadas sem restrições, nem limite de visitas [antes o limite máximo era de 2 visitantes, por dia e por utente, duas vezes por semana], desde que sejam seguidas as medidas de controlo sanitário.
Além disso, continua a ser exigido que os visitantes apresentem teste rápido de antigénio (TRAG), com resultado negativo, realizado nas 48 horas anteriores à visita, tendo a validade de 15 dias.
Contudo, a resolução é omissa e deixa dúvidas quanto à forma de visita, nomeadamente se se mantém a separação por vidro ou outras restrições como o impedimento dos contactos físicos. O JM tentou perceber junto da Secretaria Regional de
Inclusão Social e Cidadania como iriam acontecer os encontros entre utentes e visitantes, mas a resposta, dada pelo Instituto de Segurança Social, também não foi clara.
“Quanto à forma de visita, entende-se (…) que estão em vigor as regras sanitárias gerais emitidas pelas autoridades de saúde competentes, designadamente o uso de máscara de proteção para o acesso, circulação ou permanência em espaços fechados, sempre que o distanciamento físico recomendado se mostre impraticável (…), higiene frequente das mãos, etiqueta respiratória, limpeza e higienização dos espaços, entre outros, bem como a já referida apresentação pelos visitantes de teste TRAG”, indicou, considerando, no entanto, “conveniente a auscultação das autoridades de saúde competentes nesta matéria”.
Numa ronda telefónica por alguns lares da Região, tentámos também perceber junto dos mesmos se tinham ou não conhecimento das novas regras que entraram em vigor às 00h00 desta sexta-feira, dia 15 de outubro. Alguns dos funcionários que nos atenderam mostraram-se conhecedores da nova realidade, outros nem tanto.
(Quase) regresso à normalidade
Após vários meses de abraços ‘de plástico’, podemos dizer que isto é o mais perto da normalidade que alguma vez já estiveram os lares desde o início da pandemia.
O alívio deixa, naturalmente, algumas instituições apreensivas, que preferem analisar bem a situação antes de avançar, enquanto outras já colocaram ontem mãos à obra.
No Lar Vila Assunção, em São
Gonçalo, a orientação “à partida” é para que se retirem todas as ‘barreiras’ nas visitas entre as famílias e os utentes, mantendo os cuidados gerais. Ao Jornal, Goreti Andrade, diretora da instituição, lembrou que o uso da máscara, o distanciamento e a higienização das mãos continuarão a ser medidas fulcrais para manter a covid-19 longe do lar.
Questionada sobre a previsão para a implementação das novas regras, a responsável reconheceu não ter ainda um dia definido, mas garantiu que o fim de semana seria para definir estratégias.
Assim como este, há também outros lares que estão a protelar as medidas de desconfinamento, de forma a ganhar tempo para que estejam asseguradas as condições necessárias para receber esta nova realidade. É o caso do Atalaia Living Care, no Caniço, e o Lar Câmara de Lobos Living Care.
Nestes dois espaços, o ambiente quase pré-pandemia só começará a ser sentido na próxima segunda-feira, dia 18 de outubro. Até lá, os encontros continuarão a ser condicionados pela ‘parede’ em acrílico.
Apesar de segunda-feira assinalar o fim da barreira física entre o utente e os seus entes queridos, a Associação Living Care continuará a priorizar a segurança, conforme vincou ao JM Tânia Caldeira, assessora do Conselho de Administração do Living Care.
Aliás, “sempre que possível estará um funcionário a supervisionar as visitas para que sejam cumpridos tanto o distanciamento social, como o uso de máscara de proteção”, reforçou.
Já no concelho de Machico, na Santa Casa da Misericórdia, também ainda nada está decidido. Nélia Martins, provedora da instituição, destacou a importância de continuar a garantir a proteção dos idosos e, como tal, só para a semana vai analisar a situação, juntamente com a sua equipa. “Vamos ver como serão as coisas, mas sempre procurando responder às espectativas dos familiares e, sobretudo, com muita prudência”, rematou.