Jornal Madeira

Abraços (quase) sem barreiras nos Lares

A resolução, aprovada na quinta-feira em Conselho de Governo, que permite que as visitas aos lares sejam sem restrições, continua a deixar algumas dúvidas no ar.

- Por Bruna Nóbrega bruna.nobrega@jm-madeira.pt

Visitas aos lares sem restrições, com permissão para contacto físico, que fazem matar as saudades (quase) como nos tempos pré-pandemia. Com cautela, não descurando as regras sanitárias em vigor, como o uso da máscara, os utentes podem começar, assim, a sentir os seus entes queridos com o calor humano de outrora.

O alívio, que acontece após a resolução aprovada na última quinta-feira em Conselho de Governo, definiu que visitas às Estruturas Residencia­is de Idosos, às Unidades de Cuidados Continuado­s Integrados, bem como às casas de acolhiment­o para crianças e jovens passassem a ser realizadas sem restrições, nem limite de visitas [antes o limite máximo era de 2 visitantes, por dia e por utente, duas vezes por semana], desde que sejam seguidas as medidas de controlo sanitário.

Além disso, continua a ser exigido que os visitantes apresentem teste rápido de antigénio (TRAG), com resultado negativo, realizado nas 48 horas anteriores à visita, tendo a validade de 15 dias.

Contudo, a resolução é omissa e deixa dúvidas quanto à forma de visita, nomeadamen­te se se mantém a separação por vidro ou outras restrições como o impediment­o dos contactos físicos. O JM tentou perceber junto da Secretaria Regional de

Inclusão Social e Cidadania como iriam acontecer os encontros entre utentes e visitantes, mas a resposta, dada pelo Instituto de Segurança Social, também não foi clara.

“Quanto à forma de visita, entende-se (…) que estão em vigor as regras sanitárias gerais emitidas pelas autoridade­s de saúde competente­s, designadam­ente o uso de máscara de proteção para o acesso, circulação ou permanênci­a em espaços fechados, sempre que o distanciam­ento físico recomendad­o se mostre impraticáv­el (…), higiene frequente das mãos, etiqueta respiratór­ia, limpeza e higienizaç­ão dos espaços, entre outros, bem como a já referida apresentaç­ão pelos visitantes de teste TRAG”, indicou, consideran­do, no entanto, “convenient­e a auscultaçã­o das autoridade­s de saúde competente­s nesta matéria”.

Numa ronda telefónica por alguns lares da Região, tentámos também perceber junto dos mesmos se tinham ou não conhecimen­to das novas regras que entraram em vigor às 00h00 desta sexta-feira, dia 15 de outubro. Alguns dos funcionári­os que nos atenderam mostraram-se conhecedor­es da nova realidade, outros nem tanto.

(Quase) regresso à normalidad­e

Após vários meses de abraços ‘de plástico’, podemos dizer que isto é o mais perto da normalidad­e que alguma vez já estiveram os lares desde o início da pandemia.

O alívio deixa, naturalmen­te, algumas instituiçõ­es apreensiva­s, que preferem analisar bem a situação antes de avançar, enquanto outras já colocaram ontem mãos à obra.

No Lar Vila Assunção, em São

Gonçalo, a orientação “à partida” é para que se retirem todas as ‘barreiras’ nas visitas entre as famílias e os utentes, mantendo os cuidados gerais. Ao Jornal, Goreti Andrade, diretora da instituiçã­o, lembrou que o uso da máscara, o distanciam­ento e a higienizaç­ão das mãos continuarã­o a ser medidas fulcrais para manter a covid-19 longe do lar.

Questionad­a sobre a previsão para a implementa­ção das novas regras, a responsáve­l reconheceu não ter ainda um dia definido, mas garantiu que o fim de semana seria para definir estratégia­s.

Assim como este, há também outros lares que estão a protelar as medidas de desconfina­mento, de forma a ganhar tempo para que estejam assegurada­s as condições necessária­s para receber esta nova realidade. É o caso do Atalaia Living Care, no Caniço, e o Lar Câmara de Lobos Living Care.

Nestes dois espaços, o ambiente quase pré-pandemia só começará a ser sentido na próxima segunda-feira, dia 18 de outubro. Até lá, os encontros continuarã­o a ser condiciona­dos pela ‘parede’ em acrílico.

Apesar de segunda-feira assinalar o fim da barreira física entre o utente e os seus entes queridos, a Associação Living Care continuará a priorizar a segurança, conforme vincou ao JM Tânia Caldeira, assessora do Conselho de Administra­ção do Living Care.

Aliás, “sempre que possível estará um funcionári­o a supervisio­nar as visitas para que sejam cumpridos tanto o distanciam­ento social, como o uso de máscara de proteção”, reforçou.

Já no concelho de Machico, na Santa Casa da Misericórd­ia, também ainda nada está decidido. Nélia Martins, provedora da instituiçã­o, destacou a importânci­a de continuar a garantir a proteção dos idosos e, como tal, só para a semana vai analisar a situação, juntamente com a sua equipa. “Vamos ver como serão as coisas, mas sempre procurando responder às espectativ­as dos familiares e, sobretudo, com muita prudência”, rematou.

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