‘O Sol Marca a Sombra’ da arte à comunidade
Está agora patente, no Museu de História Natural do Funchal (MHNF), ‘O Sol Marca a Sombra’, uma exposição promovida pela Fundação Cecília Zino que mostra, até ao final do ano, o resultado de um projeto multidisciplinar que partiu da obra ‘Grande Herbário de Sombras’, da artista madeirense Lourdes Castro.
Por quatro salas e até ao jardim do MHNF, recentemente reaberto após ter sido alvo de obras de requalificação e reabilitação, encontram-se quatro obras encomendadas pela Fundação Cecília Zino a quatro jovens artistas portugueses (Andreia Santana, de Lisboa, o coletivo Berru, do Porto, Carolina Vieira, da Madeira, e Luísa Salvador, de Lisboa), peças que se ergueram através de residências artísticas realizadas entre os meses de junho e setembro.
O projeto destaca-se, sobretudo, por expor e celebrar o trabalho realizado ao longo de 14 oficinas multidisciplinares, desenhadas com e para crianças e jovens em situação de acolhimento residencial. Cada um dos artistas efetuou a curadoria de um ‘workshop’ com as crianças em situação vulnerável, numa envolvência da arte e da comunidade, recorrendo a cianotipias, fotogramas, antotipias e quimiogramas, que espelham a atmosfera do ‘Grande Herbário de Sombras’, na visão de Lourdes Castro.
A exposição com conceção e curadoria de Sonja Câmara acaba por ser “o festejo” de um projeto “muito militante” que arrancou há cerca de um ano, explicou a própria ao JM, crente de que a iniciativa prima por “tirar o artista do seu pedestal”, atribuindo-lhe uma humanidade necessária para “encarar a arte de uma forma mais acessível” sem a constante intelectualização.
Como, aliás, o fez Lourdes Castro, cujo trabalho se pauta por ser “extremamente honesto, simples, contemplativo”, prossegue Sonja Câmara, que não tem dúvidas de que não haveria figura melhor para replicar em serviço educativo.
Para além das 14 atividades multidisciplinares desenhadas para casas de acolhimento, que envolveram 20 crianças, foram realizadas oficinas nas escolas do Campanário e de Santana, perfazendo um total de cerca de 60 crianças e jovens envolvidos.
Na inauguração, que aconteceu na tarde desta sexta-feira com a presença de representantes das diversas entidades oficiais, alguns dos jovens que participaram nas oficinas tiveram oportunidade de ver exposto o seu trabalho, que se mostra no Museu de História Natural na mesma sala que abraça as obras de Lourdes Castro, entre elas ‘Sombras em Clave de Sol’ e o tríptico ‘Sombras Brancas I, II e III’, em tapeçaria, reproduzidas pela Manufactura de Tapeçarias de Portalegre.
Ao JM, a curadora do projeto refere que o próximo passo da Fundação Cecília Zino na continuidade deste projeto é “aliciar as escolas” a visitarem a exposição, apresentando-a à comunidade que se envolveu desde o primeiro minuto.