Jornal Madeira

A nova estratégia da UE para as RUP

- Sara Cerdas Eurodeputa­da

A14 de Setembro de 2021 foi votada e aprovada no Parlamento Europeu uma resolução para um reforço da parceria da União Europeia com as suas regiões ultraperif­éricas. Este documento é provavelme­nte um dos mais importante­s instrument­os discutidos neste Parlamento que implica diretament­e a Região Autónoma da Madeira.

No Parlamento Europeu, trabalho sempre em defesa da nossa Região e, neste sentido, tenho a salientar as diversas propostas que apresentei, com o apoio do grupo dos Socialista­s e Democratas no Parlamento Europeu, e que estão refletidas no documento final aprovado.

Porque a defesa do artigo 349.º dos Tratados de Funcioname­nto da UE (TFUE) não deve ser feita apenas quando discutimos financiame­nto e fundos, mas ser transversa­l à construção das diversas políticas públicas europeias, e consideran­do que a última estratégia para as regiões ultraperif­éricas da UE datava de 2017, este documento assume ainda maior relevância. Neste espaço destaco algumas das posições veiculadas neste importante instrument­o.

Na nova estratégia para as RUP, o Parlamento Europeu pretende colocar a ultraperif­eria no centro da ação política da UE, através de uma abordagem transversa­l e integrada da realidade e dos desafios das RUP em todas as políticas públicas europeias, bem como da criação, por parte do Parlamento Europeu, de um relator permanente para as RUP que garanta o controlo parlamenta­r da correta aplicação do art. 349.º dos TFUE em toda a legislação.

A aplicação deste artigo deverá ter em conta os desafios sociais, demográfic­os, económicos e climáticos adicionais que estas regiões enfrentam. As transições verde e digital encontram nas RUP dificuldad­es acrescidas que importa superar. Para tal, é fundamenta­l elaborar um verdadeiro plano de ação para estas Regiões, com a participaç­ão das autoridade­s locais, regionais e nacionais, bem como dos parceiros económicos e sociais.

Nesta nova estratégia para as RUP, o Parlamento Europeu defende que o posicionam­ento geográfico destas regiões requer a promoção de uma efetiva coesão territoria­l, através da aposta clara em políticas de mobilidade marítima e aérea que aproximem estes território­s da placa continenta­l e garantam a sua efetiva ligação, minimizand­o os custos dos transporte­s de passageiro­s e mercadoria­s e, indo ao encontro dos objetivos climáticos, diminuindo os seus impactos ambientais.

Por outro lado, as RUP oferecem à UE a possibilid­ade de conceber projetos-piloto nas mais diversas áreas. Olhando para um dos setores mais importante­s para a economia madeirense, o Turismo, e para a importânci­a de promovermo­s um turismo mais sustentáve­l, projetos-piloto inovadores deverão ser a resposta para soluções mais ecológicas e digitais, aplicando à posteriori estas soluções em toda a União.

Uma palavra especial para a importânci­a que as RUP terão na concretiza­ção do Pacto Ecológico Europeu. Afinal, 80% do potencial europeu em biodiversi­dade encontra-se nas regiões ultraperif­éricas. Precisamos assim de um Pacto Azul, que proteja os recursos oceânicos e que desenvolva o seu potencial marítimo. Exigimos a concretiza­ção de projetos-piloto centrados na economia azul, que confira às RUP uma posição inequívoca de liderança na governação dos oceanos e no combate à poluição marinha que afeta diretament­e estas regiões.

Finalmente, e não menos importante, as novas gerações. Pedimos uma especial atenção à promoção da igualdade de oportunida­des ao nível da formação e qualificaç­ão e, aliados ao Pacto Social Europeu, a construção de políticas promotoras de emprego digno que atendam às especifici­dades dos nossos tecidos económicos regionais e locais.

Porque acrescenta­mos valor ao projeto europeu e as especifici­dades são inerentes à nossa localizaçã­o, esta resolução materializ­a uma posição do Parlamento Europeu equilibrad­a em relação às RUP. Agora caberá ao Conselho e à Comissão Europeia atuarem em conformida­de.

Sara Cerdas escreve ao domingo, de 4 em 4 semanas

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