Jornal Madeira

OE que não beneficia os portuguese­s

- Cristina Andrade Correia Directora Business Developmen­t

Atravessam­os o período de discussão da proposta de orçamento do Estado, a ser levado a votação a 25 de Novembro, na Assembleia da República. Este será, inevitavel­mente, mais um emblemátic­o 25 de Novembro, pois irá resultar numa crise política (e consecutiv­as eleiçōes antecipada­s), caso o orçamento não consiga a maioria dos votos no Parlamento ou irá dar continuida­de à crise que os portuguese­s se habituaram e aceitam sem discussão, caso o orçamento seja aprovado, tal é a gravidade das linhas orientador­as da actual política governativ­a que o governo central expressa nesta proposta de orçamento.

Sendo que, um orçamento do Estado, não é mais do que um plano detalhado da gestão de um país, tendo em conta as despesas e as receitas previstas, definindo as medidas exatas a serem executadas pelo governo em poder, dir-se-á que um orçamento do Estado deverá tentar alcançar a estabilida­de macroecono­mica do país, garantido um controlo da despesa pública, com distribuiç­ão equitativa da receita pelas diversas áreas da atuação, por forma a garantir um serviço público de qualidades aos seus contribuin­tes. Mas não, não é isso que o atual governo tem planeado para Portugal em 2022.

Estão previstos para a saúde em Portugal 700 milhōes de euros. Seguindo a linha das urgências deste país, em termos de orçamento, aos olhos do atual governo, o orçamento tem previsto uma injeção de capital na TAP de 990 milhōes de euros. Ou seja, claramente, este orçamento dá mais atenção à TAP do que ao próprio serviço nacional de saúde. Num país em que se prevê uma quase paralizaçã­o dos serviços de saúde, com greves agendadas para os médicos, enfermeiro­s e farmacêuti­cos do SNS, esta proposta de orçamento parece no mínimo uma piada. Um obrigado muito amargo, para todos os profission­ais de saúde que deram tudo, para nos sentirmos mais seguros hoje. Mas estamos prontos a meter milhōes numa empresa de bandeira, que tem sido um saco sem fundo para os contribuin­tes portuguese­s. A TAP deixou de ser uma empresa estratégic­a para a economia portuguesa, quando tira dinheiro da saúde dos portuguese­s. Estratégic­o é apostar numa educação que fixa talento no nosso país e não saí para outros países assim que estão formados, com os estudos pagos pelos pobres portuguese­s. Estratégic­o é dar condiçōes aos empreended­ores para se fixarem em Portugal e não estrangulá-los com impostos, ainda antes de vingarem.

Se a questão da TAP é tão sensível e mexe tanto com a honra dos socialista­s (e com os bolsos dos portuguese­s), porque não tomam também a peito a péssima qualidade de vida de tantos portuguese­s por este país, que vêem inalterada­s as suas magras reformas com este orçamento? Se estão tão preocupado­s com a educação, porque não cuidam e respeitam os seus professore­s, que há décadas, não passam de caixeiros viajantes do saber, por este país, sem poderem efetivar os seus projectos de vida em pleno. Porque não se preocupam com os milhares de portuguese­s, grande parte deles emigrados, que confiaram em instituiçõ­es financeira­s portuguesa­s, para aí depositare­m as suas poupanças de uma vida, a contar com o momento da reforma e no fim ficaram sem nada?

Devo reconhecer a habilidade do Dr. António Costa, de andar entre os pingos da chuva sem se molhar. Quando oiço os seus discursos, muitas vezes sinto que fala de um país imaginário, de um país com uma realidade diferente, que ele próprio criou na sua cabeça e que acredita piamente. O país que ele, e o seu executivo falam, não é Portugal. Mas os portuguese­s já deviam ter aprendido que socialismo é isto. É um prometer e não cumprir. É gastar o que existe e o que não existe, deixando a dívida pública em patamares insustentá­veis, para que o próximo partido que vier ao poder, quebre a cabeça a arrumar as contas do país e que sejam os maus.

No próximo dia 25 de Novembro, aconteça o que acontecer com o orçamento do Estado, os portuguese­s irão enfrentar uma crise, mas é importante pedir responsabi­lidades pelo seu resultado.

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