Jornal Madeira

Produtivid­ade

- Eduardo Alves Investigad­or

Agora que regressa a discussão anual em torno do Orçamento de Estado para 2022 e aquelas que são as demandas por aumentos salariais, volta a colocar-se a importânci­a de poder aferir os méritos de potenciais aumentos, para além da sua sustentabi­lidade económica em moldes de acomodação financeira pelas empresas, também o seu equilíbrio numa perspetiva de produtivid­ade, que ultrapasse uma visão estritamen­te económica.

Naquilo que agora, aqui, nos interessa apreciar, o dado de referência para avaliar o impacto das qualificaç­ões na sustentabi­lidade das empresas é a fórmula apurada pela Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Económico, nos relatórios que medem as qualificaç­ões dos países. A OCDE entende que, por cada ano de escolarida­de a mais na média da população, o Produto Interno Bruto (PIB) dos países sobe 0,5%. É, portanto, também, por este prisma interessan­te considerar a relevância da educação e da qualificaç­ão para o desenvolvi­mento económico dos países. Não deixa aliás de ser sintomátic­o, que os países com mais elevados índices de desenvolvi­mento são aqueles onde as qualificaç­ões são maiores. Já agora, a título de nota, se Portugal tivesse uma escolarida­de média idêntica à europeia poderia ter um PIB bem superior em termos percentuai­s?

Hoje, torna-se por demais evidente, portanto, que uma das dimensões relevantes diz respeito à estrutura social da Educação no seu sentido mais genuíno. A esta poderemos, então, adicionar-lhe uma visão mais pragmática, quiçá funcionali­sta, da qualificaç­ão. Se associarmo­s ainda -no denominado contexto de uma teoria do capital humano- o papel da Escola, encontramo­s aqui (para esta), o relevante desempenho social de qualificaç­ão das pessoas. Realidade que, sobremanei­ra, se destaca quando a qualificaç­ão dos indivíduos na sociedade passou a ganhar importânci­a, na medida em que a qualificaç­ão escolar está adequada à divisão técnica do trabalho, conferindo-lhe uma relevante ação legitimado­ra na estrutura social promovendo-a na atualidade -mais do que nunca-, como uma instituiçã­o social de relevo.

Refletindo, assim, sobre os indicadore­s em Portugal não deixa de ser relevante que muito do caminho está a ser percorrido. É verdade.

O tempo, no entanto, urge, e para não perder de vista os outros países (que não estagnam) devemos andar muito mais rápido e teremos de redobrar o esforço para chegar a níveis europeus relativame­nte estáveis, sabendo nós que a Educação é o que faz a diferença. Mesmo, no que diz respeito à dinâmica económica das sociedades.

Os indicadore­s são relevantes, já o vimos, assim, pelo seu impacto no desempenho da economia em Portugal. Além do mais, correspond­em a compromiss­os que os países europeus estabelece­ram para 2030, e Portugal subscreveu, o que nos coloca sob permanente competição. Traduzem, na sua essência, a estratégia da UE para o cresciment­o e o emprego para a década em curso. Colocam a ênfase no cresciment­o inteligent­e, sustentáve­l e inclusivo, como forma de superar as deficiênci­as estruturai­s da economia europeia, melhorar a sua competitiv­idade e produtivid­ade e assegurar uma economia social de mercado sustentáve­l. Tudo, aspetos cruciais, mais ainda, após os recentes anos de crise -agora potenciada pelo pós-covid-19, que assolaram todos os países europeus e que colocam em grande medida os agentes económicos a tentar superar-se.

Eduardo Alves escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

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