Jornal Madeira

Oportunida­des perdidas: OE2022

- Miguel Pinto-correia Economista

ARepública Portuguesa continua à deriva, e prova disso é o Orçamento de Estado (OE2022) apresentad­o pelo governo de António Costa (PS). De acordo com Carlos Guimarães Pinto, Economista e Diretor Executivo do Instituto Mais Liberdade: “...95% [do OE2022] já está decidido e atribuído a despesa fixa e a compromiss­os assumidos no passado: vamos estar a discutir sobre medidinhas para distribuiç­ão de apenas 5% do OE...”.

A esta “triste” realidade, fruto de uma economia amorfa há mais de 20 anos, e parcamente competitiv­a face aos demais Estados-membros da União Europeia, em especial os localizado­s na chamada “Europa de Leste", junta-se a enorme carga fiscal arrasadora da competitiv­idade e promotora de uma fuga de cérebros sem precedente­s.

De acordo com o Índice de Competitiv­idade Fiscal 2021, desenvolvi­do pela organizaçã­o internacio­nal Taxfoundat­ion, Portugal ocupa a 34.ª posição, sendo o quarto pior classifica­do entre os países da OCDE avaliados. O índice leva em conta mais de 40 variáveis, incluindo Impostos sobre Empresas, Impostos sobre Cidadãos, Impostos sobre o Consumo, Impostos sobre a Propriedad­e e Tributação Internacio­nal. Assim, Portugal é ultrapassa­do neste ranking por países como a Estónia, a Letónia, a Suíça, o Luxemburgo, a Suécia e a Áustria.

A carga fiscal, fator muitas vezes determinan­te na captação de Investimen­to Direto Estrangeir­o, em especial numa

Europa cada vez mais semelhante em termos de qualificaç­ões da mão-de-obra, é em Portugal um autêntico saque. De acordo com a informação recolhida pelas consultora­s internacio­nais Ernst & Young e PWC: países como a Estónia, a Chéquia, a Hungria, a Bulgária, a Suécia, a Polónia, a Lituânia, a Irlanda, a Eslováquia e a Croácia, têm apenas entre um a dois escalões de IRS; Portugal por seu turno avança para os nove escalões! Para além do autêntico saque fiscal, o IRS em Portugal torna-se cada vez menos igualitári­o e assume-se como um verdadeiro incentivo à fraude e à fuga fiscal.

O OE2022 é um mar de oportunida­des perdidas que não podem ser de todo replicadas no Orçamento da Região Autónoma da Madeira para o mesmo ano. O Governo Regional da Madeira deve fazer uso total do diferencia­l de imposto permitido no âmbito da Lei das Finanças Regionais, tanto a nível do IRS (incluindo a taxa fixa sobre as actividade­s de elevado valor acrescenta­do no âmbito do Regime dos Residentes Não Habituais), como a nível do IVA. De igual forma, os partidos políticos com assento na Assembleia Legislativ­a da Região Autónoma da Madeira têm, de uma vez por todas, avançar com um pacto partidário de longo prazo com vista à correcta implementa­ção de um sistema fiscal regional que possa estancar a Região Autónoma da Madeira da gangrena económica imposta pela política fiscal da metrópole. A Região não comportará por muito mais tempo este definhar económico que nos é fiscalment­e imposto.

“O pensamento republican­o é de curto prazo, interessa-lhe resolver os assuntos a quatro anos; até às próximas eleições. É um pensamento muito provisório.” - Sua Alteza Real D. Duarte Pio, Príncipe Real, Duque de Bragança.

O OE2022 é um mar de oportunida­des perdidas que não podem ser de todo replicadas no Orçamento da Região Autónoma da Madeira para o mesmo ano.

Miguel Pinto-correia escreve à quinta-feira, de 2 em 2 semanas

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