Congresso imediato e críticas a Célia Pessegueiro e Iglésias
João Pedro Vieira escreveu, ontem, uma carta a Célia Pessegueiro, presidente da Comissão Regional do PS, expondo a sua insatisfação com a inércia do partido. Lamenta ainda a postura do antigo líder parlamentar socialista.
João Pedro Vieira, antigo secretário-geral do PS e ex-vereador na Câmara Municipal do Funchal, escreveu ontem uma carta à presidente da Comissão Regional do PS, através da qual endereça críticas à lentidão com que o partido tem agido no fecho de ciclo de Cafôfo, deixando também reparos a Célia Pessegueiro e Miguel Iglésias.
Na missiva a que o JM teve acesso, João Pedro Vieira demonstra claro desagrado com o tempo perdido pelo PS na preparação da era pós-cafôfo, afirmando que o momento atual não se coaduna com o prolongamento de prazos para convocar o próximo Congresso Regional do PS. “Todos estamos bem conscientes da importância de se iniciar a preparação atempada, da melhor forma possível, de todos os momentos eleitorais externos que se seguirão, com uma liderança legitimada em eleições internas e congresso que noutras ocasiões, decorreram entre 45 a 60 dias após a comissão regional que o convocou”, argumenta.
O antigo homem forte do secretariado socialista é da opinião que o partido não pode continuar sem estratégia e liderança política clara, pois considera que a ação política imediata do PS “será decisiva” para promover a “união e mobilização de um partido que não tem figuras dispensáveis e que precisa de todos os atores políticos que connosco têm lutado”.
A 9 de outubro, o JM dava conta da estranheza de alguns militantes em torno do silêncio da Comissão Regional do PS, que não dava sinais de preparação para o futuro, nomeadamente sobre a marcação de um Congresso para debater todas as questões pendentes após a demissão de Cafôfo.
Já a 19 de outubro, também no nosso Jornal, Célia Pessegueiro, que não excluiu uma possível candidatura à liderança do Ps-madeira, não quis avançar uma data para o conclave rosa, referindo ser essa uma decisão que cabe aos membros da Comissão a que preside, desvalorizando a morosidade de todo o processo.
“Lamentáveis declarações”
As críticas, refira-se, são extensíveis a Miguel Iglésias. Sem referências diretas, João Pedro Vieira critica a postura do antigo líder parlamentar socialista, que decidiu responsabilizar Miguel Silva Gouveia pela derrota eleitoral no Funchal num recente artigo de opinião e pede outra forma de estar. “Estou certo de que, daqui em diante, seremos capazes de atuar com elevado sentido de responsabilidade e razoabilidade, em lugar de proporcionarmos inusitadas e lamentáveis declarações dirigidas a quem por nós e connosco lutou nas últimas eleições autárquicas, como aquelas com que todos fomos confrontados publicamente esta semana”.
Neste contexto, de defesa de quem deu a cara pelo projeto autárquico abraçado pelo PS, entende que todos, mesmo os não militantes, terão de participar na Comissão Regional, de forma a “iniciar, com seriedade, o indispensável processo de reflexão interna sobre as condicionantes que têm determinado, historicamente”, os resultados eleitorais do PS. Aliás, perante a situação política nacional, o ex-vereador socialista na Câmara do Funchal apela também para que sejam convidados todos os deputados eleitos à Assembleia da República.
Só assim, segundo João Pedro Vieira, “estarão reunidas todas as condições para, com total justiça e lealdade, avaliarmos as razões dos sucessos e insucessos das nossas candidaturas e, em conjunto, reerguermos um caminho de futuro: de oposição onde é necessário e de governação onde assim foi determinado”.
Pedidos que julga serem atendíveis, tal como aconteceu com Paulo Cafôfo, que também foi convidado pela direção anterior a participar em diversas reuniões do Secretariado, Comissão Política e Comissão Regional, antes e após os diferentes atos eleitorais.