Jornal Madeira

Eu, abaixo assinado…

- Pedro Nunes Médico-dentista

Eu, abaixo assinado, afirmo solenement­e pela minha honra que cumprirei com lealdade as funções que me são confiadas. Ei. Calminha aí. Eu não fui eleito para coisa nenhuma. Ainda estou é com o discurso dos que o foram e tomaram posse, em pleno Largo do Colégio, na quarta-feira. Nunca tinha ido a uma cerimónia daquelas.

Segui sempre a recomendaç­ão de “a casamento e batizado não vás sem ser convidado”. Desta vez fui intimado a estar presente. Na verdade, não me fiz de difícil. Disse logo que sim. Não poderia faltar. O meu pai também sempre esteve comigo quando me metia em sarilhos!

Avisado de que ele seria o primeiro e, ao contrário das consultas, o horário seria para cumprir, fiz tudo para não me atrasar.

E não falhei. Cheguei a tempo de ainda de lhe dar um abraço e vê-lo subir ao palanque no seu fato à medida e sapato engraxado feito ao pé. Disse o que tinha a dizer e eu aplaudi cheio de orgulho. Achei, naquele instante, que as palavras tinham sido muito bem escolhidas. Só depois é que percebi que faziam parte do protocolo.

Bem, para a minha filha aquilo já bastava. Começou logo a perguntar se já podíamos ir embora. E eu não a condeno! Embora as outras pessoas pudessem ser pais, filhos, avós, primos ou outra coisa qualquer, ela só tinha ido ali para ver o avô dela.

Expliquei que era de bom tom ficarmos. Convidei-a a sentar-se numa mesa e tentar distrair-se mais um pouco. E mais um pouco. E outro pouco. Até que, também eu, dei por mim a procurar saber quantos mais seriam chamados. É que aquilo tem piada. É giro, sim. Mas com meia dúzia. Agora com mais de 50? Valha-me Deus. E os discursos não mudavam uma vírgula. O que é péssimo porque depois querem vir dizer que os políticos não são todos iguais, mas imitam-se uns aos outros. Minto. Nem todos. Umas senhoras diziam “eu, abaixo assinado” e outras “eu, abaixo assinada”. No meio daquilo interrogue­i-me (sim, já estava tão enfadado que até me deu para isso) qual seria a forma correta. E não é que se diz mesmo “eu abaixo assinada”?

Deixo aqui a minha palavra de apreço às mulheres que disseram certo. E outra de solidaried­ade às restantes. Outra ainda à minha santa mãe. Não é por nada, mas quando vi o Dr Mário Rodrigues colocar aquelas faixas cruzadas no tronco de todo e qualquer eleito, só disse para os meus botões: “coitada”. Espero sinceramen­te que fiquem guardadas lá pela Câmara. Se calhar de irem bater a casa dos meus pais, segurament­e que vão ser bem guardadas. O problema vai ser é encontrá-las daqui a 4 anos. O meu pai vai ter a certeza que as guardou. Não vai saber é onde. Ou vão estar para o sótão ou, na pior das hipóteses, desandaram para a casa da minha avó. E quem vai ter que as encontrar? A Lena, pois claro. E logo quem. A mesma que já não sabe onde deixou o telemóvel há 5 minutos…

A bem da verdade, ela também não é obrigada a ter que saber de tudo e, muito menos, a fazer coisa alguma. É que se um dia sonhou com algum tacho, o novo edil, no seu breve discurso de mais de meia hora, já avisou que a CMF não será local de emprego para familiares diretos, indiretos nem tão pouco compadres. Pessoalmen­te acho difícil. Isto é tão pequeno e a maior parte é tudo filho da mesma p... Palavra de honra!

Para finalizar, uma palavra também honrosa para os derrotados que marcaram presença nos lugares que os votos determinar­am, respeitand­o assim quem lhes dedicou a cruzinha. Assumir o insucesso e aceitar os resultados como fez Miguel Gouveia, é para mim, motivo de admiração!

Pelo contrário, Violanta-me saber que há quem renuncie ao cargo de vogal a que foi eleita, mesmo que “a defesa do interesse público, a participaç­ão cívica, a Liberdade, a Justiça e a Democracia” sejam valores de que não abdique. No entanto, ainda segundo a própria, “não é, esta Assembleia de Freguesia, o patamar onde no presente melhor entendo defendê-las”. “Para esse esforço continuado, estão limitadas as minhas forças”!

Gostava imenso de apontar o dedo. No entanto, eu não sou ninguém para criticar esta fraqueza. Também eu, sempre me achei o dono da bola e, no fim das escolhas, acabava como o gordo que ia à baliza. Raramente havia jogo pois eu vinha-me embora antes do pontapé de saída.

Mas há uma pequena diferença. Eu percebi muito mais cedo que aquilo não era futuro para mim…

Por fim, deixo os meus votos de boa sorte aos novos dirigentes verde rubros. Para além de terem ficado sem treinador principal, quero ver como se vão desenrasca­r sem os carros de aluguer, gasolina, apartament­os e caneta do antigo presidente.

Ao Carlos Pereira, lanço um desafio. Porque não concorre às eleições do União? A sério. Pense comigo. 1) Provavelme­nte será lista única. 2) Problemas com as claques? Nem vê-los. 3) Vale Paraíso tem condições para crescer. Já vejo ali 3 pavilhões, 4 campos, 2 lares, 1 colégio, 1 ginásio e uma bomba…

Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas

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