Jornal Madeira

RUI FONTES: “CRIAR UM CLUBE À IMAGEM DOS SÓCIOS”

Rui Fontes esteve à conversa com o Jm-madeira no dia seguinte às históricas eleições do Marítimo. O presidente eleito espera uma transição pacífica, mostra crença num futuro de muitas alegrias, embora reconheça que há muito trabalho por fazer. Auditoria à

- Por Hélder Teixeira helder.teixeira@jm-madeira.pt

“O Marítimo é do povo! O Marítimo é nosso e há de ser! O Marítimo é nosso até morrer”, entoaram os adeptos verde-rubros na noite apoteótica de sexta-feira, enquanto ‘engoliam’ Rui Fontes numa avalanche de euforia e júbilo. Uma noite de consagraçã­o que certamente figurará na história de uma coletivida­de centenária.

Rui Emanuel Baptista Fontes, 68 anos, é o novo presidente do Club Sport Marítimo, um cargo que já ocupou entre 1988 e 1997. Venceu as eleições de forma avassalado­ra, com 65% dos votos (17.629), ou seja, perto do dobro da votação que obteve Carlos Pereira (9.464). O resultado espelha aquilo que tinha vindo a ser notório de alguns anos a esta parte: o ‘divórcio’ entre a massa adepta verde-rubra e o homem que dirigiu o clube durante quase um quarto de século. “O Marítimo renasceu, está vivo e é isso que nos queremos”, foram as primeiras palavras do vencedor.

A festa foi rija e transferiu-se, madrugada dentro, das imediações do Estádio dos Barreiros para a zona do Almirante Reis, lugar onde há 111 anos um grupo de marítimos fundou o clube. Um “chão sagrado”, como adjetiva Rui Fontes.

No dia seguinte ao triunfo, o Jm-madeira foi ao encontro do novo presidente. A nossa reportagem encontrou-se com Rui Fontes perto do estádio, onde ainda existiam vestígios da celebração de arromba da noite anterior. O telemóvel não parou de tocar. Mensagens e telefonema­s. Na rua ninguém ficou indiferent­e à sua presença. Quem passava a pé cumpriment­ou-o, deu os para

“béns e fez votos de bom trabalho. Quem ia a conduzir também o saudou ou buzinou, em tom de festejo. É o homem do momento. À passagem pelo atual museu do

Os funcionári­os não têm nada a temer. Ainda ontem [sexta] à noite estivemos todos em festa no Almirante Reis. Já disse que tudo o que pode acontecer aos funcionári­os do Marítimo será para melhor, pior não vai ser de certeza. As pessoas têm que estar confiantes porque eles é que são a alma do Marítimo, o trabalho diário do clube é feito por eles e esse trabalho tem que ser valorizado, motivado e humanizado para que todos nos sintamos bem. E ao sentirmo-nos bem lá dentro o clube ganha com isso. No dia das derrotas todos estamos tristes, no dia das vitórias todos estamos contentes, porque todos, estejamos onde estivermos, demos o nosso melhor contributo para que as coisas continuem a acontecer. E é isso que todos temos de sentir lá dentro. Não é estarmos completame­nte alheios com o que acontece dentro de campo. O que acontecer dentro de campo tem a ver com o trabalho diário de cada um de nós.” clube, num antigo stand de automóveis, mostrou-se apreensivo com o vasto espólio de troféus, que pensa ser urgente transferir para o ‘berço’ no Almirante Reis. Também falou das ideias para o parque de estacionam­ento inacabado no antigo lugar alcunhado de ‘galinheiro’.

Crença na vitória

De sorriso estampado no rosto, o novo presidente revelou que sempre acreditou na vitória. “Já acreditava há alguns dias, principalm­ente depois do debate. Foi aí que percebi que uma grande percentage­m dos sócios iria votar na nossa lista. Porque as reações foram extremamen­te positivas e, portanto, se ainda havia alguém indeciso, julgo que o debate contribuiu para esclarecer alguma coisa”, confessou, embora lamentasse que não fosse possível falar sobre o programa de candidatur­a para diversas áreas do clube no confronto televisivo com Carlos Pereira. “Eu nunca tinha tido debates na TV deste género e houve coisas que não facilitara­m. Nós temos tempos limitados para falar sobre diversos temas. Muitas vezes queremos dizer coisas e não conseguimo­s”, contou.

Já sobre a expressivi­dade do resultado do sufrágio, Rui Fontes disse que era algo que pairava no ar. “É evidente que apesar de esperar uma vitória, por aquilo que via, ouvia e sentia na rua, mesmo por pessoas que não são sócias do Marítimo. Mas sentia-se o ambiente que havia à volta destas eleições. Havia de facto o desejo de mudança, de adeptos, de não adeptos e de famílias de pessoas que são adeptas. Na sociedade da Madeira, em geral, havia de facto esse sentimento de mudança e o Marítimo faz parte da sociedade madeirense. Logo, entre os sócios, cheguei à conclusão que seria isso que iria acontecer. Mas urnas são urnas e às vezes somos surpreendi­dos”, explicou.

A transição

Quando questionad­o sobre uma transição pacífica na presidênci­a, Rui Fontes revelou esperar que assim aconteça, de forma a evitar um “vazio de poder”, e que segundo os estatutos do clube tem que acontecer nos 15 dias que precedem ao ato eleitoral. “O que está em causa é o Marítimo e o funcioname­nto do próprio clube. Espero que o senhor Carlos Pereira faça aquilo que tem a fazer e que facilite a transição. Que não exista qualquer dificuldad­e na nossa entrada para o clube,

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