Jornal Madeira

TRIBUNAL CHUMBA PER DO UNIÃO

Apesar da votação favorável da maioria dos credores, o Tribunal Judicial da Comarca da Madeira recusou a homologaçã­o do plano de recuperaçã­o unionista.

- Por Edmar Fernandes e Daniel Faria desporto@jm-madeira.pt

O Tribunal Judicial da Comarca da Madeira recusou a homologaçã­o do plano de recuperaçã­o do Clube de Futebol União da Madeira, Futebol SAD.

Independen­temente da votação favorável da maioria dos titulares de créditos em dívida, o plano de recuperaçã­o apresentad­o pelo administra­dor judicial provisório foi recusado por violar, no entendimen­to do tribunal, o “princípio da igualdade”, bem como o “princípio constituci­onal de proteção do salário”.

Para o tribunal, a “situação dos credores trabalhado­res, ao abrigo do plano, seja previsivel­mente menos favorável do que a que ocorreria na ausência de qualquer plano, o que configura violação não negligenci­ável das normas aplicáveis ao conteúdo do plano de recuperaçã­o em apreciação nos presentes autos de revitaliza­ção, que impõe a recusa da sua homologaçã­o”.

Para melhor perceber a razão do chumbo, ao abrigo do plano agora chumbado, metade dos créditos dos trabalhado­res seria pago durante um período de quinze anos, após dois anos de carência, “sendo que, no que respeita à restante metade, ainda não é previsível como será concretiza­do esse pagamento, nem em que prazo”, pode ler-se na deliberaçã­o a que o JM teve acesso.

Assim, o tribunal considerou que “não é de todo razoável que os credores trabalhado­res tenham que esperar mais de 17 anos para serem pagos dos créditos que têm sobre a Requerente, os quais são provenient­es do seu trabalho. O direito à retribuiçã­o do trabalho está intimament­e relacionad­o com o direito a uma vida digna e apresenta-se essencial à vida e à subsistênc­ia pessoal do trabalhado­r”.

Recorde-se que no passado dia 15 registou-se uma votação favorável da maioria dos créditos em dívida, tendo em vista a aprovação do PER, mas o tribunal frustrou ontem essa hipotética aprovação, entendendo não ser possível viabilizar um Plano Especial de Revitaliza­ção (PER) nos moldes propostos pelo emblema madeirense.

Recorde-se que a SAD tem cerca de quatro milhões de euros de dívida, enquanto o Clube de Futebol União tem a dívida avaliada na ordem dos 10 milhões de euros, com o União SAD a ter novo revés, com o chumbo do PER.

“Nada está perdido”

O presidente demissioná­rio do União SAD, Sérgio Nóbrega, aceitou a decisão com naturalida­de, mas realçou que nada está perdido.

“Temos de aceitar com naturalida­de e agir em conformida­de. Nada está perdido, nem o processo está terminado. Agora existem dois caminhos possíveis, ou recorremos ou é decretada a insolvênci­a, e automatica­mente é feito um plano de recuperaçã­o o qual terá de proceder, porquanto, existe jurisprudê­ncia do tribunal constituci­onal que versa nesse sentido, vamos reunir e agir de forma a defender os interesses do União”, referiu ao JM.

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