‘Frieza’ das aulas online trouxe medo e tédio
Raquel Pacheco, docente da Universidade Aberta, foi, ontem, a última dos oradores dos dois dias do VIII Seminário de Educação Câmara de Lobos, que decorreu no Museu de Imprensa.
A professora falou à distância, via online, sobre as competências sócio afetivas no ensino online durante a pandemia. Doutora e mestre em ciências da comunicação, Raquel Pacheco disse que a falta de calor humano foi aquilo que mais se sentiu nas aulas online.
A frieza que o online proporciona afeta ainda mais as crianças e os jovens do que os adultos, conforme sublinhou nas declarações que prestou, via online, para uma plateia cheia no Museu de Imprensa, em Câmara de Lobos. Raquel Pacheco considerou, por isso, ter aparecido, na pandemia, mais sentimentos como o medo, o desamparo, o tédio, a depressão.
“Quantas crianças e jovens tiveram depressão? Como aumentou o número de suicídios entre jovens? Uma coisa que não é dita mas a gente tem de trabalhar isso”, defendeu a professora brasileira mas que está em Portugal há algum tempo. Na ocasião, Raquel Pacheco foi dura nas palavras: “infelizmente, vai piorar!”. Sem querer ser mensageira do apocalipse, a oradora defendeu que é preciso usar muito riso mas sem hipocrisia. “Além de todas as exigências feitas a um professor, ainda temos que estar atentos ao estado de espírito do aluno? Temos. E, se calhar, vai ser o mais importante a partir de agora”, defendeu a oradora momentos antes do encerramento dos trabalhos de dois dias do VIII Seminário de Educação Câmara de Lobos.
“Não conseguimos ensinar um aluno que está em depressão. Não conseguimos ensinar um aluno que está a sofrer bullying. Não conseguimos ensinar um aluno entediado”, apontou a oradora no seminário subordinado ao tema ‘Pedagogia das Emoções’.