Jornal Madeira

Vão engonhar para longe

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Um destes dias, o nosso Presidente foi à Assembleia Regional e cruzou-se com o novo líder do PS na Assembleia. Por entre pedidos e conselhos deste, e depois de sugestões para baixar o IVA e afins, questionou-se o passeio de Miguel Albuquerqu­e a Miami. A defesa da honra foi logo feita pelo guardião da verdade e um dos poucos políticos vivos de espinha recta, António Lopes da Fonseca. Sim, esse mesmo que, não há muito tempo, criticava qualquer ensaio de viagem, mesmo que fosse só até à casa de banho mais próxima, e agora até cataloga estas deslocaçõe­s a outros continente­s de “extraordin­árias”. Há quem diga que só estava à espera de boleia. Vá-se lá entender esta gente…

No entanto, e porventura desconfian­do de tamanha amabilidad­e por parte do colega de coligação, sua excelência o Presidente dos Presidente­s não tardou a responder. “Prometo que a minha próxima viagem será à Serra Leoa ou ao Burundi, onde existem milhares de investidor­es que querem investir na Madeira”. E porque não, caro líder? Porque não?

Haverá, porventura, melhor sítio para ir captar moeda virtual? Ou tão bom povo para aliciar? Eu não conheço o mundo todo, mas arrisco-me a pensar que não deve haver. É que a população burundi, por exemplo, vive na pobreza (e portanto, moeda só se for mesmo virtual) e está habituada a passar fome e a lidar com a corrupção. Tem uma esperança média de vida de 50 anos. E foi, naturalmen­te, classifica­da no Relatório Mundial da Felicidade como a nação menos feliz do mundo. Como não?

Por isso, se lhes disserem que aqui há cana de açúcar e que o Governo Regional prevê um aumento da compartici­pação do valor por quilo em dois cêntimos, penso que não vai haver um que queira ficar por lá. E depois? Depois é pedir ao tal líder parlamenta­r do CDS para ensinar como se faz. Já estou mesmo a ver… “Primeiro planta-se a cana”. “Depois rega-se a cana”. “Por fim, apanha-se a cana”. Então e chupar? Quem chupa as canas? Os do costume, não?

Por falar nisso, então não é que o Tribunal de Contas arrasou o controlo “pouco fiável” da Segurança Social na aplicação de subsídios? Que raio de mania de se meter na vidinha dos outros… Quem é que o TDC julga que é e o que é que tem a ver com o facto de se dar dinheiro a torto e a direito e não se procurar garantir que os valores são bem aplicados? Era só mesmo o que faltava. O dinheiro é deles ou quê? Não, não é… Ainda por cima quem manda, está a marimbar-se para trocos. Juro que é verdade. “Esqueceram-se”, em 2019, de contabiliz­ar 1,7 milhões de euros e, quando confrontad­a, a Presidente do Instituto desvaloriz­ou. “É um valor que não é relevante”, respondeu. Pois claro.

Mas e se depois faltarem verbas? Arranjam-se novas formas de sacar mais algum… Como? Passa a cobrar-se, sei lá, o acesso às levadas. Porque não? Por mim até deviam pedir os dados do cartão de crédito à entrada. Se voltassem pelo próprio pé, devolvia-se a franquia. Caso contrário, estava ganho o dia.

Nota final para os meninos e meninas que andam a exibir-se em plena rua. Peço-vos um pouco mais de contenção. Eu entendo que estejam na idade de brincar com o fogo. De não controlar a chama… Mas advirto as futuras senhoras que essas labaredas não se devem apagar com a boca. Fica feio! Pelo menos à vista de todos!

Mas será, já este, um reflexo do anunciado fim da consulta de sexologia no Serviço Regional de Saúde? Se for, por mais que me custe, sou obrigado a partilhar da indignação do Bloco de Esquerda. “Isto é inaceitáve­l”, disseram eles… E é, digo eu! Mais à frente insurgiam-se com o facto do Sesaram “continuar a empurrar as pessoas para o privado”. Alto lá. Eu logo vi que algo de errado não batia certo… Não podia estar mais em desacordo. Afinal de contas, em vez do privado esta gente anda é à procura de público!!!

palavra de carinho para as quatro funcionári­as condenadas por maltratar e drogar idosos no lar do Porto Moniz. Pena suspensa e mil euros de indemnizaç­ão?! Bem bom… Melhor que isto só mesmo umas pastilhas debaixo da língua e um pau no lombo, não?

Vão mas é engonhar para longe…

Ps,

Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas

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