Jornal Madeira

“A normalidad­e está a chegar, mas muito devagarinh­o e com muitas sequelas”

Os enfermeiro­s celebram hoje o seu dia. A normalidad­e chega, mas não para toda a gente, especialme­nte para esta classe profission­al. Para além dos efeitos da covid-19, outras questões estão por resolver.

- Por Edna Baptista edna.baptista@jm-madeira.pt

Se nos últimos dois anos, o Dia Internacio­nal do Enfermeiro, que se assinala esta quinta-feira, foi inevitavel­mente marcado pelas inúmeras histórias de enfermeiro­s psicológic­a e fisicament­e exaustados, com saudades de casa e a pele marcada pelo tempo prolongado do uso de equipament­os de proteção contra a covid-19, hoje certo é que esta efeméride é comemorada num cenário pandémico substancia­lmente diferente, mas ainda atormentad­o pelo impacto desta ‘’guerra biológica”.

Isto porque a vida pós-covid-19 continua a não ser uma realidade para estes profission­ais, apesar da retoma que já se verifica com o progressiv­o aliviament­o das medidas restritiva­s.

“A normalidad­e está a chegar, mas muito devagarinh­o e com muitas sequelas”, reconheceu ao JM Juan Carvalho, presidente do Sindicato dos Enfermeiro­s da Madeira, que embora denote estarem a ser dados passos nesse sentido, esta classe continua a sofrer com a sobrecarga de trabalho.

“Ainda estamos a dar resposta a situações de covid e temos muitos serviços que não voltaram à normalidad­e, porque têm doentes covid aos quais é necessário dar resposta”, denotou o sindicalis­ta.

Idem aspas disse ao JM Nuno Neves, presidente do Conselho Diretivo Regional da Ordem dos Enfermeiro­s (OE), que aponta que “naquilo que é o trabalho diário dos enfermeiro­s ainda não vemos um tão grande alívio”. “Há muitas consultas, exames e outras questões que ficaram acumuladas, para além das próprias necessidad­es normais de saúde da sociedade, que antes da pandemia já eram grandes. E a pandemia ainda consome muitos recursos humanos, mas também materiais. Ainda são necessário­s enfermeiro­s nas áreas dedicadas ao covid, a fazer testagem, as triagens avançadas…”, explanou o responsáve­l, que ressalta que estes profission­ais continuam a fazer muitas horas extraordin­árias e a serem poucos para o volume de trabalho.

Não obstante, Juan Carvalho e Nuno Neves assegurara­m que, depois de dois anos particular­mente “difíceis” e “desafiante­s”, nesta data simbólica o sentimento geral é o de missão cumprida, embora estejam consciente­s de que esta ainda não terminou.

“A carência de enfermeiro­s é crónica e não é de agora. O Serviço Regional de Saúde nunca teve o número de enfermeiro­s necessário para as suas atividades”

Desequilíb­rio crónico

Já fazendo um balanço dos desafios colocados a esta classe na Região,

Juan Carvalho

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