“A normalidade está a chegar, mas muito devagarinho e com muitas sequelas”
Os enfermeiros celebram hoje o seu dia. A normalidade chega, mas não para toda a gente, especialmente para esta classe profissional. Para além dos efeitos da covid-19, outras questões estão por resolver.
Se nos últimos dois anos, o Dia Internacional do Enfermeiro, que se assinala esta quinta-feira, foi inevitavelmente marcado pelas inúmeras histórias de enfermeiros psicológica e fisicamente exaustados, com saudades de casa e a pele marcada pelo tempo prolongado do uso de equipamentos de proteção contra a covid-19, hoje certo é que esta efeméride é comemorada num cenário pandémico substancialmente diferente, mas ainda atormentado pelo impacto desta ‘’guerra biológica”.
Isto porque a vida pós-covid-19 continua a não ser uma realidade para estes profissionais, apesar da retoma que já se verifica com o progressivo aliviamento das medidas restritivas.
“A normalidade está a chegar, mas muito devagarinho e com muitas sequelas”, reconheceu ao JM Juan Carvalho, presidente do Sindicato dos Enfermeiros da Madeira, que embora denote estarem a ser dados passos nesse sentido, esta classe continua a sofrer com a sobrecarga de trabalho.
“Ainda estamos a dar resposta a situações de covid e temos muitos serviços que não voltaram à normalidade, porque têm doentes covid aos quais é necessário dar resposta”, denotou o sindicalista.
Idem aspas disse ao JM Nuno Neves, presidente do Conselho Diretivo Regional da Ordem dos Enfermeiros (OE), que aponta que “naquilo que é o trabalho diário dos enfermeiros ainda não vemos um tão grande alívio”. “Há muitas consultas, exames e outras questões que ficaram acumuladas, para além das próprias necessidades normais de saúde da sociedade, que antes da pandemia já eram grandes. E a pandemia ainda consome muitos recursos humanos, mas também materiais. Ainda são necessários enfermeiros nas áreas dedicadas ao covid, a fazer testagem, as triagens avançadas…”, explanou o responsável, que ressalta que estes profissionais continuam a fazer muitas horas extraordinárias e a serem poucos para o volume de trabalho.
Não obstante, Juan Carvalho e Nuno Neves asseguraram que, depois de dois anos particularmente “difíceis” e “desafiantes”, nesta data simbólica o sentimento geral é o de missão cumprida, embora estejam conscientes de que esta ainda não terminou.
“A carência de enfermeiros é crónica e não é de agora. O Serviço Regional de Saúde nunca teve o número de enfermeiros necessário para as suas atividades”
Desequilíbrio crónico
Já fazendo um balanço dos desafios colocados a esta classe na Região,
Juan Carvalho