Bruxelas alerta para risco “grave de rutura de gás”
A União Europeia pode vir a enfrentar uma “grave rutura” de abastecimento de gás, no próximo inverno. O alerta é da Comissão Europeia que sugere mais armazenamento e admite mesmo o recurso ao mecanismo de compras conjuntas. Em causa, estão os problemas no fornecimento russo.
“A Europa deve estar pronta e preparada para uma grave rutura de abastecimento. Embora o risco de procura de gás não atendida para este verão seja limitado, poderá haver o risco de, sem novas ações nos próximos meses, o armazenamento não estar suficientemente cheio para o próximo inverno”, avisa o executivo comunitário.
De acordo com a agência Lusa, que teve acesso à comunicação sobre o pacote energético Repowereu, a divulgar hoje, Bruxelas pede uma “rápida adoção do regulamento sobre armazenamento”, numa alusão à proposta que fez aos Estados-membros para assegurarem pelo menos 80% de armazenagem subterrânea até novembro próximo e 90% nos próximos anos.
É solicitado aos países que atualizem os seus planos de contingência e peçam aos operadores de transporte para acelerarem medidas técnicas para aumentar o fluxo. Bruxelas quer também “acordos de solidariedade bilateral pendentes entre países vizinhos”, uma vez que só 18 dos 27 países têm este tipo de infraestruturas para armazenar gás natural.
Segundo a Lusa, o quadro jurídico da UE prevê que, em caso de escassez de gás, os Estados-membros possam solicitar aos países vizinhos medidas de solidariedade para assegurar o abastecimento às famílias, sistemas de aquecimento urbano e instalações sociais básicas.
Bruxelas garante que vai “facilitar a criação de um plano coordenado de redução da procura da UE com medidas preventivas de restrição voluntária que deverão estar prontas para ativação antes que surja uma emergência real”, estando em causa formas de reduzir o consumo das empresas e garantir os fornecimentos aos clientes considerados prioritários.
No final de abril, o grupo russo Gazprom anunciou a suspensão das entregas de gás à Bulgária e à Polónia, dois países da UE, por não terem feito o pagamento em rublos. A Comissão Europeia admite a possibilidade de isso acontecer com qualquer outro país, mas assegura que a UE está preparada para um corte total do gás russo.
No rascunho do pacote energético Repowereu, consultado pela Lusa, Bruxelas insiste que “o armazenamento é fundamental para aumentar a segurança do aprovisionamento”, propondo o recurso ao gás natural liquefeito (GNL) como alternativa.
Segundo a estimativa da instituição, “serão necessários investimentos de 10 mil milhões até 2030 para um nível suficiente de infraestruturas de gás, incluindo terminais de importação de GNL, gasodutos para ligar terminais de importação de GNL subutilizados e a rede da UE, e para inverter as capacidades de fluxo”.