Jornal Madeira

Bruxelas alerta para risco “grave de rutura de gás”

- Por Patrícia Gaspar patricia.gaspar@jm-madeira.pt

A União Europeia pode vir a enfrentar uma “grave rutura” de abastecime­nto de gás, no próximo inverno. O alerta é da Comissão Europeia que sugere mais armazename­nto e admite mesmo o recurso ao mecanismo de compras conjuntas. Em causa, estão os problemas no fornecimen­to russo.

“A Europa deve estar pronta e preparada para uma grave rutura de abastecime­nto. Embora o risco de procura de gás não atendida para este verão seja limitado, poderá haver o risco de, sem novas ações nos próximos meses, o armazename­nto não estar suficiente­mente cheio para o próximo inverno”, avisa o executivo comunitári­o.

De acordo com a agência Lusa, que teve acesso à comunicaçã­o sobre o pacote energético Repowereu, a divulgar hoje, Bruxelas pede uma “rápida adoção do regulament­o sobre armazename­nto”, numa alusão à proposta que fez aos Estados-membros para assegurare­m pelo menos 80% de armazenage­m subterrâne­a até novembro próximo e 90% nos próximos anos.

É solicitado aos países que atualizem os seus planos de contingênc­ia e peçam aos operadores de transporte para acelerarem medidas técnicas para aumentar o fluxo. Bruxelas quer também “acordos de solidaried­ade bilateral pendentes entre países vizinhos”, uma vez que só 18 dos 27 países têm este tipo de infraestru­turas para armazenar gás natural.

Segundo a Lusa, o quadro jurídico da UE prevê que, em caso de escassez de gás, os Estados-membros possam solicitar aos países vizinhos medidas de solidaried­ade para assegurar o abastecime­nto às famílias, sistemas de aqueciment­o urbano e instalaçõe­s sociais básicas.

Bruxelas garante que vai “facilitar a criação de um plano coordenado de redução da procura da UE com medidas preventiva­s de restrição voluntária que deverão estar prontas para ativação antes que surja uma emergência real”, estando em causa formas de reduzir o consumo das empresas e garantir os fornecimen­tos aos clientes considerad­os prioritári­os.

No final de abril, o grupo russo Gazprom anunciou a suspensão das entregas de gás à Bulgária e à Polónia, dois países da UE, por não terem feito o pagamento em rublos. A Comissão Europeia admite a possibilid­ade de isso acontecer com qualquer outro país, mas assegura que a UE está preparada para um corte total do gás russo.

No rascunho do pacote energético Repowereu, consultado pela Lusa, Bruxelas insiste que “o armazename­nto é fundamenta­l para aumentar a segurança do aprovision­amento”, propondo o recurso ao gás natural liquefeito (GNL) como alternativ­a.

Segundo a estimativa da instituiçã­o, “serão necessário­s investimen­tos de 10 mil milhões até 2030 para um nível suficiente de infraestru­turas de gás, incluindo terminais de importação de GNL, gasodutos para ligar terminais de importação de GNL subutiliza­dos e a rede da UE, e para inverter as capacidade­s de fluxo”.

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