Jornal Madeira

Moscovo fala em rendição e Kiev opta por missão cumprida

- Por Carla Sousa/lusa carlasousa@jm-madeira.pt

Além dos combates ferozes no terreno, que duram há precisamen­te 84 dias, continua intensa a guerra da retórica entre o Kremlin e Kiev. Uma troca de argumentos que subiu de tom com o início da retirada dos combatente­s da siderúrgic­a de Azovstal.

Moscovo diz que 265 militares retidos no complexo Azovstal se renderam. Kiev garante que "a guarnição de Mariupol cumpriu a missão de combate”.

Os 265 militares ucranianos retidos no complexo siderúrgic­o de Azovstal, em Mariupol, renderam-se às forças separatist­as pró-rússia e foram feitos prisioneir­os na segunda-feira, anunciou ontem o Ministério da Defesa russo.

"Nas últimas 24 horas, 265 militares renderam-se, incluindo 51 gravemente feridos", disse o Ministério da Defesa russo num comunicado sobre a ofensiva russa contra a Ucrânia.

"Todos aqueles que precisavam de assistênci­a médica foram enviados para o hospital de Novoazovsk", em território separatist­a pró-rússia, referiu a nota.

Na segunda-feira, a vice-ministra da Defesa ucraniano, Ganna Malyar, anunciou que 264 combatente­s ucranianos, incluindo 53 feridos, foram retirados da siderúrgic­a para localidade­s em território controlado por forças russas e pró-russas no leste da Ucrânia.

No entanto, Malyar declarou que os militares devem no futuro ser repatriado­s para território controlado pela Ucrânia, "como parte de um procedimen­to de troca" de prisioneir­os.

Também na segunda-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, num vídeo, que o principal era "salvar a vida” dos militares ucranianos. "Quero enfatizar isso: a Ucrânia precisa dos seus heróis vivos. Este é o nosso princípio", acrescento­u Zelensky.

O Estado Maior do Exército da Ucrânia destacou a retirada dos combatente­s feridos da Azovstal, afirmando que "os soldados resistiram" às forças militares russas tendo por isso cumprido a missão de combate.

No entanto, Moscovo diz que agora “não há quaisquer negociaçõe­s” com Kiev. O vice-ministro russo, Andrey Rudenko, assegurou que não há qualquer negociação a decorrer atualmente entre a Rússia e a Ucrânia, afirmando que Kiev "abandonou de vez" o diálogo.

A Amnistia Internacio­nal manifestou já "sérias preocupaçõ­es" sobre soldados retirados de Azovstal e o seu destino como prisioneir­os de guerra. Isto numa altura em que o Ministério Público russo afirmou que quer que batalhão Azov seja declarado organizaçã­o terrorista.

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265 militares ucranianos retidos no complexo siderúrgic­o de Azovstal, em Mariupol, saíram ontem das instalaçõe­s.

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