APEMIP terá ‘uma cara’ na Madeira e mais proximidade aos associados
JM - É presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) há pouco tempo. O que é que pretende mudar com a sua presidência?
– Não tanto no âmbito da minha presidência ou de qualquer outra pessoa, mas, principalmente, no âmbito do que deve ser a APEMIP e que é fundamental: poder estar próximo dos associados. Neste caso, fazer com que as empresas sintam que é importante estarem ligadas à associação porque é através desta que conseguem ser ouvidas perante a tutela, que a associação tem a capacidade de poder levar soluções de formação, de inovação, de práticas indispensáveis ao crescimento e desenvolvimento das empresas. Acompanhamos tudo aquilo que são os desafios do setor. E, portanto, esses são os principais desafios. Não tanto da minha presidência, mas, principalmente, da associação, seja qual for a presidência.
E quais são os desafios do setor?
O setor tem desafios de ordem diversa. Há desafios que são, de algum modo, mais transversais, como por exemplo aqueles que têm a ver com a progressão tecnológica. A tecnologia progride sem pedir licença às empresas. E, portanto, temos noção que existe um nível de progressão tecnológica que distancia as pessoas, em que o digital procura substituir-se às pessoas. A APEMIP, aquilo que procura é ser capaz e ajudar os seus associados a serem capazes de, por um lado, incorporarem tudo o que é solução tecnológica e, simultaneamente, não dispensarem o papel racional das pessoas. Temos desafios de outra ordem, neste caso, como seja a importância de profissionalizar o acesso a esta atividade, de modo a incrementar o seu nível de credibilidade. Enfim, conferir à sociedade, em termos gerais, maior segurança de que alguém que está na atividade de mediação imobiliária é alguém que passou por um conjunto de exigências que minimamente asseguram um patamar de qualidade, de serviço, de prestação global que é indispensável.
Maior e melhor regulação. É isso que está em causa?
Principalmente, mais regulação.
Há excesso de mediadores?
Não comento isso. Acredito que as pessoas, os destinatários dos serviços são pessoas bem informadas na hora de escolher. Se houver excesso de oferta, eles irão ficar de fora. Não vão ser escolhidos na hora das pessoas tomarem a sua decisão.
Mas a verdade é que este é um mercado que está fortemente em crescimento. Disparou. Há cada vez mais empresas. Há muita oferta mas também muita procura…
O setor do imobiliário tem, de facto, uma dimensão transversal à vida de todos nós. Nós precisamos do imobiliário para viver. As empresas precisam de imobiliário para crescer, para exercer as suas atividades. E, portanto, o imobiliário, na sua versão mais crua, mais pura, que é a de um abrigo, seja no domínio da vida pessoal, seja no domínio da vida profissional, caracteriza a humanidade há milénios, e assim vai continuar. Há uma especulação de preços no imobiliário. A Madeira apresenta, neste momento, valores de venda que ultrapassaram aquilo que existia há 2 ou 3 anos. Poderemos estar a falar aqui de uma ‘bolha’ imobiliária?
Não, de todo. Não creio que haja qualquer tipo de ‘bolha’ imobiliária nem em Lisboa, nem no Porto, nem no Funchal. Essa ideia de que os preços, quando crescem, rebentam, é uma ideia que tem muito pouco a ver com a realidade. Os preços, quando crescem, e se eventualmente a procura não acompanhar esse valor, baixam. Não rebentam. Portanto, essa ideia de que pode haver um estoiro e que tudo estoira é bélica, que tem muito pouco a ver com a realidade do mercado. Foi importada de um fenómeno associado ao crédito hipotecário. Como se lembrará, há 25 anos, quando alguém ia a um banco para procurar um financiamento para uma casa, a instituição procurava também financiar a fritadeira elétrica e as férias a Cancun. Um dia em que foi necessário - como aconteceu em 2009 - converter e executar as hipotecas para ressarcir o valor financiado, chegaram à conclusão que o valor das casas não cobria o valor da fritadeira e das férias a Cancun. Foi daí que veio a expressão de ‘bolha’ mas nada tem a ver com o que se vive no mercado, seja em Lisboa, seja no Porto ou seja no Funchal.
Há um mercado estrangeiro forte…
Claro que há um mercado estrangeiro. Claro que quando falamos em estrangeiros, o elemento comparativo não é tanto a realidade de preços locais, mas a realidade de preços numa perspetiva internacional. Quem, no estrangeiro, quer comprar um imóvel no Funchal, procura com outras soluções de investimento ou