“NÃO PODEMOS TER MEDO DE PUNIR OS PREVARICADORES”
Presidente da APAF pede mão firme para punir situações de violência contra árbitros. Na Madeira, a ultimar pormenores para o XIX Torneio Inter-núcleos, que vai reunir 400 árbitros, Luciano Gonçalves deixa rasgados elogios à competência dos juízes madeiren
O regresso do policiamento obrigatório nos recintos, o aumento da moldura penal desportiva e uma maior aposta na sensibilização são possíveis soluções para lidar com situações de violência contra árbitros, defende o presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF).
Ao JM, Luciano Gonçalves considerou que o aumento de casos de agressões físicas e verbais nos jogos de futebol “é claramente preocupante”, lembrando que foram denunciadas diversas situações só nos últimos meses da temporada que agora está a findar. Uma problemática que também se fez notar com episódios lamentáveis em vários campos de futebol da Madeira.
“Foi mais uma época difícil, como são todas, mas esta foi particularmente diferente”, disse o presidente da APAF, que ontem se deslocou à Região para ultimar detalhes relacionados com a organização do XIX Torneio de Futsal Inter-núcleos, que se realiza, pela primeira vez, na Madeira. Difícil, justificou o responsável, devido ao menor número de árbitros em atividade desde o início da pandemia, e também devido ao aumento de situações de violência no desporto, sobretudo no futebol.
Madeira não escapa
De acordo com a imprensa desportiva, em menos de dois meses, registaram-se 12 casos de agressões a árbitros, em jogos de futebol e futsal em Portugal.
Aludindo a esses números, Luciano Gonçalves diz que também tem sido notado, na Madeira, “um crescimento de situações pontuais de insegurança e de violência verbal, ameaças, o que naturalmente não faz bem ao desporto”.
“Os árbitros da Madeira não o merecem, porque trabalham imenso, com grande competência e profissionalismo”, afirmou. “E todos estes comportamentos a que temos vindo a assistir nesta última fase da época, vão tirando a vontade de aparecerem novos árbitros, vai afastando os jovens. O que, naturalmente, não ajuda em nada ao recrutamento, à manutenção, à melhoria e à evolução dos árbitros”.
Casos que se alastram, inclusive, ao futebol jovem, facto que leva o dirigente a reforçar a importância de olhar para o problema também a médio e longo prazo, apostando na sensibilização dos mais jovens, com ações de proximidade nos clubes e nas escolas.
Árbitros madeirenses
Deixando rasgados elogios aos árbitros madeirenses, Luciano Gonçalves afirma que há juízes na Madeira que “conseguiam estar nos campeonatos profissionais sem qualquer problema”.
“Já tivemos, no passado. Temos agora o Anzhony [Rodrigues] muito próximo, e que até já teve essa experiência e tem oportunidade de lá ir novamente. Mas a Madeira tem outros árbitros com capacidade para isso”, assegurou o presidente da APAF.
O dirigente notou que a Região tem “um grupo de jovens muito focados”, que poderão fazer parte da renovação da arbitragem nacional.
“Basta que tenham aquilo a que se chama a sorte, que é um conjunto de três fatores: competência, trabalho, e uma coisa que é preciso que a Madeira lhes dê, que é a oportunidade”, vaticinou. “Tenho a certeza que, aliando essas três coisas, os árbitros da Madeira conseguem perfeitamente estar ao nível de qualquer árbitro de outro distrito qualquer.”
Recebido na ALRAM
Em ‘visita-relâmpago’ à Madeira, o presidente da APAF participou ontem em várias reuniões preparatórias que antecedem o pontapé de saída do XIX Torneio Inter-núcleos, que decorrerá pela primeira vez na Madeira, entre 3 e 5 de junho. Depois de ter feito ainda uma vistoria ao Parque Desportivo de Água de Pena, local que acolherá o torneio, Luciano Gonçalves foi recebido pelo presidente da Assembleia, que prometeu contribuir com apoio logístico.