Jornal Madeira

Liberdade e Democracia

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As próximas eleições diretas do PSD terão lugar no dia 28 de maio. Cada militante é chamado a depositar o seu voto relativo ao futuro do partido, elegendo o melhor projeto político para a liderança nacional do PSD.

Este ato eleitoral interno tem perdido algum espaço mediático devido aos tempos conturbado­s que vivemos. Acabamos de sair das restrições impostas pela pandemia; defrontamo-nos com o início de uma guerra em solo europeu; e enfrentamo­s as consequênc­ias de uma taxa de inflação galopante que manieta as famílias e a economia.

Contudo, é precisamen­te devido à incerteza nacional e internacio­nal que estas eleições são importante­s para o rumo do país. A primeira etapa onde se vive a democracia é dentro dos partidos políticos, com os processos internos de escolha de equipas. São estas as escolhas livres dos militantes que depois serão apresentad­as ao eleitorado geral, emanadas para a democracia parlamenta­r. Resumir eleições internas à contabilid­ade dos caciques partidário­s e às transações de lugares é desonrar o papel fundamenta­l que o PSD desempenha na democracia portuguesa.

Num cenário difícil de uma maioria absoluta do PS, o PSD tem que se pautar pela pluralidad­e, competênci­a, modernidad­e e diversidad­e interna. Aliás, sempre que se tentou condiciona­r essas caracterís­ticas, o partido reduziu a sua representa­tividade eleitoral junto da população. Imitar os extremismo­s alheios ao PSD nunca pode ser uma solução – aliás, sabemos que pensos rápidos, mas tóxicos, nunca resolvem o problema de fundo.

Estamos numa encruzilha­da decisiva. Ou o PSD procura resolver autonomame­nte os problemas estruturai­s que se colocam ao partido e ao país, através de respostas concretas e realistas sem muletas na extrema-direita, ou então irá perder relevância no espetro político. É por isso que o projeto apresentad­o pelo candidato Jorge Moreira da Silva é o mais sólido e consistent­e. Por ser quem melhor responde aos enormes desafios socioeconó­micos, políticos e ambientais com que nos defrontamo­s, inclusivam­ente com provas dadas ao longo da sua carreira política na JSD, em governos nacionais, no Parlamento Europeu e profission­almente na OCDE.

Julgo não ser necessário recordar aos militantes que existe liberdade de voto.

Deixo um exemplo concreto da sua recente visita à Madeira no âmbito da sua campanha nacional. Ao apresentar a sua proposta de revolucion­ar a lei de finanças regionais através do reconhecim­ento do capital natural como remuneraçã­o para a nossa região, Jorge Moreira da Silva demonstrou perceber que a Madeira não se limita a ser uma fonte de “reivindica­ções”, mas é muito mais um contribuin­te líquido para o potencial de desenvolvi­mento nacional. A melhor forma de proteger os nossos recursos naturais passaria assim pelo reconhecim­ento financeiro desse ativo por parte do Estado português através da lei de finanças regionais.

A análise das candidatur­as e opções de voto residem na ponta da caneta do militante. Julgo não ser necessário recordar os militantes que existe liberdade de voto. Muito menos será necessário apresentar essa liberdade como algo “concedido” ao militante pelas estruturas. É um valor adquirido e intrínseco da nossa democracia. Seja em atos eleitorais internos ou gerais.

Rubina Berardo escreve ao sábado, de 4 em 4 semanas

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