Jornal Madeira

Francisco, o jovem português amigo do Papa

Uma amizade inesperada mas que cresce a cada dia que passa. Através do JM, o seminarist­a deixa uma mensagem aos jovens, em particular aos que participar­ão nas Jornadas Mundiais da Juventude.

- ROMA Por Carla Sousa carlasousa@jm-madeira.pt

«Estou sim, Francisco? Eu sou o Papa Francisco». Eu não conseguia acreditar. Era mesmo o Papa com quem estava a falar.

23 de setembro de 2020. Uma data que Francisco Marques jamais esquecerá. Em plena pandemia, e numa audiência geral com o Papa Francisco, o jovem seminarist­a português, a estudar em Roma, entrega em mãos ao Sumo Pontífice o seu best-seller – ‘Da Superstiçã­o à Devoção’, com uma nota de agradecime­nto e o contacto telefónico.

Um ano antes, também numa audiência pública, na companhia dos seus pais, naturais de Aveiro, Francisco já tinha oferecido ao Papa o seu primeiro livro, ‘Dominus Vocat: O Senhor Chama’.

No domingo, 27 de setembro, por volta das cinco da tarde, o jovem recebe um telefonema de um número anónimo. “Atendi o telefonema respondend­o em português, mas do outro lado respondera­m-me em italiano, e a voz era a de um homem. «Estou sim, Francisco? Eu sou o Papa Francisco». Eu não conseguia acreditar. Era mesmo o Papa com quem estava a falar. Eu conseguia reconhecer a sua voz, mas não entendia como era possível que aquilo estivesse a acontecer, parecia um sonho. Estava muito emocionado

Francisco e só conseguia agradecer ao Papa pelo telefonema e por não se ter esquecido de mim. Nesse telefonema, ele disse-me que estava muito ocupado nessa semana, mas que me voltava a ligar porque tinha muito gosto em receber-me e conhecer a minha história”.

Em meados de outubro, o jovem português recebe um novo telefonema. Desta vez, o Papa Francisco, do outro lado da linha, dizendo que estava disponível para recebê-lo, num encontro que ficou agendado para o dia 16, em sua casa, ao final da tarde.

De repente, o seminarist­a português estava frente a frente com aquela figura que para muitos é entendida como ‘quase inalcançáv­el’.

Nervoso, ansioso e ainda incrédulo, o jovem cedo se apercebeu que aquele Homem era lhe “quase familiar”. “A simplicida­de do Papa e a sua simpatia permitiram que me acalmasse, e que conseguiss­e falar tranquilam­ente. No final de uma conversa, surge a pergunta: «Porque é que não entras no meu Seminário?».

Desde aquele dia, o contacto entre o Francisco da Argentina e o Francisco de Portugal tem sido recorrente. “O Papa Francisco continuou a ligar-me com frequência e a encontrar-me na sua casa. Visitei-o muitas vezes na sua residência, e ele disse-me que queria acompanhar o meu percurso de formação pessoalmen­te. A nossa relação de amizade foi crescendo cada vez mais”, e mantém-se firme até aos dias de hoje.

No rol de amigos de Francisco Marques, temos também uma família madeirense.

Apesar de o jovem de Aveiro já conhecer Elma Aveiro há algum tempo, com a ida da família de Cristiano Ronaldo a Roma “eu ganhei uma grande amizade com eles. Pude fazer-lhes uma visita privada em Roma, no Vaticano, e até fomos à Capela Sistina sem ninguém dentro, durante a noite”.

Depois disso, “convidaram-me para ir conhecer a Madeira, e estive cerca de uma semana com toda a família. Estive na festa de aniversári­o da Elma e criou-se uma grande amizade entre toda a família”.

São, para o jovem seminarist­a, “pessoas que estimo muito, e é uma amizade para toda a vida. São pessoas muito boas, e só quem as conhece o pode compreende­r”.

Sobre a Madeira, “em breve espero voltar!

Em Portugal, a Igreja Católica promove, todos os anos, uma semana de atividades para desafiar os jovens à descoberta da sua vocação. Este ano, a Semana das Vocações decorreu entre 1 e 8 deste mês de maio.

Assim sendo, Francisco Marques deixa, através do JM, uma mensagem a todos os jovens, sem exceção: “A todos os jovens, como eu, dediquei o meu livro ‘O amigo de Francisco’. Em particular àqueles que participar­ão nas Jornadas Mundiais da Juventude no próximo ano. Penso que a minha história pode ajudar tantos jovens que procuram o seu caminho e a sua missão neste mundo. Nem sempre é fácil entender, mas creio que cada um de nós tem a sua missão e pode ser realizada com a sua escolha”.

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Marques acompanhou a visita da família Aveiro ao Vaticano.

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