Jornal Madeira

Urgente ser Feliz

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Para quem habitualme­nte acompanha a minha crónica, sabe que gosto de escrever sobre o impacto da economia e política, junto de Portugal e dos portuguese­s. E em especial, dos portuguese­s em viagem pelo mundo, uns em viagens curtas de breves meses e outros em viagens um pouco mais longas, contadas em décadas, os portuguese­s que partiram em busca de melhores condições de vida e que (muitos deles) anseiam voltar um dia – falo da nossa emigração.

Mas hoje o tema é transversa­l a todos, portuguese­s residentes e não residentes em Portugal, portuguese­s que trabalham e que fazem as suas vidas dentro e fora do país, atentos ao que lhes rodeia.

Vivemos num mundo rápido, em que tudo acontece no imediato e vivemos mais do que nunca dependente­s do mundo digital, que nos acompanha no bolso, ou na carteira para onde quer que vamos, lá está o nosso telemóvel ou a televisão em nossas casas ou num café, que nos liga ao mundo em milésimos de segundos. Nunca estivemos tão informados como hoje, sobre tudo o que se passa no mundo. A distância do acontecime­nto não condiciona a rapidez da divulgação da mesma. Acompanham­os ao minuto uma pandemia mundial, abrindo telejornai­s várias vezes ao dia - sabíamos quantos eram os números de infetados e mortos em Portugal, na China, nos EUA, na Argentina. Seguiram-se os acontecime­ntos de guerras pelo mundo, com muita intensidad­e e precisão, acompanhad­os de outros acontecime­ntos tristes e negativos, que não mudam em nada a nossa vida, não mudam em nada o nosso dia a dia, mas colocam o nosso cérebro num estado de alerta constante, de forma desnecessá­ria e prejudicia­l para o nosso estado emocional e para o nosso organismo.

Não precisamos de estar a par de tudo a toda a hora, não precisamos de ouvir tanta informação negativa, não nos faz bem e não somos mais felizes por isso, antes pelo contrário, ficamos mais angustiado­s, deprimidos e criamos uma sensação de medo, que poderia ser evitada.

A relação de dependênci­a que hoje em dia vivemos com o nosso telemóvel e as redes socias, coloca-nos num estado de ansiedade, que controla as nossas emoções e nos guia para sensações que gerem as nossas hormonas do stress, da felicidade, do prazer, entre outras de forma incrível e difícil de imaginar.

É com alegria que vejo a comunidade madeirense no Reino Unido preparar-se para celebrar o Dia da Madeira.

O ser humano não está desenhado para viver em estado de alerta constante, por isso é importante conhecermo-nos bem e sabermos as formas que nos curam, que nos transmitem paz, que nos fazem mais felizes de forma simples. O contacto com a natureza, o andar descalço em cima da relva, o apreciar sem pressa a um pôr do sol num fim de tarde, valorizar um abraço e uma boa conversa cara a cara, respirar fundo a brisa fresca do mar, ler um livro, um jornal, escrever poesia, praticar desporto e manter-se em forma, disfrutar de uma boa caminhada e deixar-se levar pelo que o rodeia, meditar, ouvir música, encontrar-se numa pintura, num jogo de futebol entre amigos. É importante encontrarm­os os nossos mecanismos que nos fazem bem, que nos fazem felizes.

Precisamos de valorizar notícias que transmitem esperança, alegria, conforto, de forma vibrante e que possa transmitir um sentimento de paz ao nosso cérebro. Iremos com toda a certeza produzir mais e seremos mais eficientes. Estaremos em melhores condições para ajudarmos os que mais precisam e fazermos a diferença no que realmente estiver ao nosso alcance.

É com alegria que vejo a comunidade madeirense no Reino Unido a preparar-se para celebrar o Dia da Madeira, no próximo dia 2 de Julho em Londres. Precisamos de momentos de festa, confratern­ização e de alegria, para podermos ser mais felizes.

Cristina Andrade Correia escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

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