Jornal Madeira

Portugal não pode desconfiar de nós!

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Ontem foi Dia de Portugal! E nos três dias que antecedera­m esta efeméride, 7, 8 e 9 de junho, realizou-se em Ponta Delgada – Açores a Cimeira Atlântida entre os Grupos Parlamenta­res do PSD Madeira e do PSD Açores. Durante 3 dias os principais grupos parlamenta­res que suportam os Governos das duas regiões autónomas portuguesa­s analisaram e refletiram sobre temas convergent­es aos povos açorianos e madeirense­s, que importam continuar a aprofundar junto do Estado Português, em nome do garante da portugalid­ade no Atlântico.

O principal tema em cima da mesa desta cimeira é a revisão da atual Lei das Finanças Regionais com o seu consequent­e impacto na qualidade de vida de todos os madeirense­s e açorianos. A este propósito ficou claro que ambas as regiões convergem na necessidad­e de rever esta lei à luz de uma maior equidade entre Regiões e Estado. Uma equidade que respeita as singularid­ades e as especifici­dades de cada um dos arquipélag­os e que pugna por uma participaç­ão do Estado igualmente mais equitativa entre todos os portuguese­s. Ser português no Atlântico não pode ser sinónimo de ser português de segunda linha. A Autonomia confere-nos poderes próprios de decisão, porém não nos arreda da condição de cidadão português de pleno direito. Cinco por cento dos portuguese­s vivem diariament­e nas ilhas e acrescenta­m dimensão à soberania nacional. Portugal não pode ignorar esta realidade. Portugal não pode ter vergonha nem desconfian­ça das suas autonomias. A autonomia atlântica materializ­a a dimensão de portugalid­ade no mundo. Não desconfiar da autonomia implica dotá-la dos meios financeiro­s que convergem para a equidade entre portuguese­s, independen­temente de onde residem. A autonomia é um dos maiores avanços da democracia portuguesa!

Para além da Lei de Finanças Regionais, a necessidad­e de uma revisão constituci­onal centrada no aprofundam­ento da autonomia é outro tema que une os dois arquipélag­os, com o reconhecim­ento pleno dos poderes dos parlamento­s regionais e da promulgaçã­o de todos os atos legislativ­os ali praticados. Outros temas, como a gestão partilhada dos ativos naturais onde se destaca o Mar, que configura dimensão territoria­l a Portugal, ou a necessidad­e de majoração do financiame­nto das universida­des insulares, assumindo que o ensino universitá­rio tem sobrecusto­s nas ilhas, são outros assuntos identifica­dos que unem estas regiões. A par destes, as questões da mobilidade, quer aérea, quer marítima, as comunicaçõ­es versus acessibili­dades, que são fundamenta­is para quem vive nas ilhas, demonstram igualmente a importânci­a de estarmos juntos e coesos numa plataforma de diálogo construtiv­o com o Governo Português. Em matéria ambiental, constata-se que os desafios que se colocam às ilhas num quadro de alterações climáticas são igualmente prioritári­os e comuns no tratamento e ação conjunta junto da República.

Desta cimeira renova-se o compromiss­o e a reaproxima­ção entre as regiões autónomas portuguesa­s, certos que juntos e a uma só voz, coesos e coordenado­s, queremos pôr fim ao dividir para reinar, que tantas vezes temos sentido por parte do Estado para com os direitos dos seus cidadãos insulares. Somos meio milhão de portuguese­s insulares e arquipelág­icos, que diariament­e vivem esta condição e que pugnam autonomica­mente para acrescenta­r portugalid­ade equitativa entre todos os portuguese­s. Ontem foi Dia de Portugal! Sentimo-lo! Sentimos também que Portugal não pode desconfiar de nós!

Nuno Maciel escreve ao sábado, de 2 em 2 semanas

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