Jornal Madeira

CÂNDIDO GOUVEIA: ÁRBITROS “TÊM DE TRABALHAR MAIS”

O experiente observador, que encerra atividade por limite de idade, realça que “há qualidade” na arbitragem regional, mas alerta que é preciso “trabalhar mais”, para ir mais além como árbitro.

- Por Daniel Faria danielfari­a@jm-madeira.pt

O experiente ex-árbitro e observador madeirense Cândido Gouveia, abandona, aos 70 anos, a sua atividade na arbitragem enquanto observador, encerrando uma vida dedicada à arbitragem.

Foram 27 anos como observador e outros 16 como árbitro, que fazem de Cândido Gouveia uma figura respeitada no meio.

Em declaraçõe­s ao JM, Cândido Gouveia fez um “balanço positivo” do seu percurso, comentando ainda a realidade da arbitragem madeirense.

Segundo o próprio, “existe qualidade”, mas deixa um aviso: os árbitros regionais - alguns -, “têm de trabalhar mais”.

“Os árbitros têm condições como nunca tiveram. Têm um centro de treino na Camacha. Agora, é preciso se aplicar, ir a reuniões, estudar e isso não é para todos. Temos um leque restrito de árbitros madeirense­s aplicados, com qualidade, mas a maioria por vezes arranja desculpas”, disse, realçando que a arbitragem exige muito tempo.

“A arbitragem tira muito tempo com a família por exemplo. Para se permanecer nisto, é preciso gostar muito. Não é fácil”, disse.

No entanto, o experiente observador perspetiva “um bom futuro” para “quem se aplica” no meio da arbitragem regional, realçando que “vê-se logo quem tem qualidade e estaleca para ser árbitro”.

Cândido Gouveia diz ainda “ter condições para continuar”, mas tem de “aceitar os regulament­os”, que estabelece­m um limite de idade aos 70 anos.

“Agora é cuidar dos netos [risos]”, disse, realçando que é preciso “sorte, trabalho e gosto” pela arbitragem para fazer um percurso de tanta longevidad­e como o que percorreu.

Cândido recordou ainda o percurso como árbitro, iniciado aos 28 anos, ascendendo aos nacionais seis anos depois.

“Um árbitro tem de ter personalid­ade e pulso. No meu tempo, havia jogos cá na Madeira complicado­s, dérbis que não eram fáceis como o Machico-caniçal, por exemplo. Personalid­ade e controlo na amostragem de cartões é o que um árbitro deve ter e era o que eu procurava fazer”, explicou.

Aliás, segundo Cândido Gouveia, o futebol hoje em dia “tem menos qualidade” do que antigament­e.

“Acho que perdeu qualidade. Vi jogadores de há 30 anos que se jogassem hoje… Nem lhe digo nada”, afiançou, deixando a ideia de que muitos jogadores dessa época seriam craques hoje em dia.

Em relação ao papel do árbitro e se o mesmo é valorizado, Cândido Gouveia entende que “um bom árbitro” consegue impor-se e ser valorizado, tanto pelos responsáve­is pela arbitragem, bem como pelos adeptos.

“O árbitro tem de mostrar qualidade e confiança e será valorizado. Claro que por vezes a posição dos árbitros não é fácil, mas para mim, quem se aplica nisto acaba por ser recompensa­do e valorizado, claro”, disse o observador, que não se arrepende de nada durante os mais de 40 anos na arbitragem.

“Tenho uma paixão muito grande por isto. Não me arrependo de nada”, concluiu.

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Cândido Gouveia abandona mundo da arbitragem aos 70 anos.

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