Jornal Madeira

Todos somos Portugal

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No dia de 10 junho celebrou-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidade­s Portuguesa­s, uma data histórica que serve, sempre, para reforçar o orgulho que todos devemos sentir na nossa história, na história de uma nação valente e imortal que vai desde o continente até nossas lindas Regiões Autónomas. Um País que tem milhões de filhos espalhados pelos quatro cantos do mundo, que vivem a portugalid­ade, que erguem as suas bandeiras e que nunca esquecem a sua terra. Todos sentimos Portugal e ser filho de emigrantes permitiu-me viver o sentimento de ser lusitano alémfronte­iras, ter a cultura e tradições ricas da nossa terra e ter a honra de me ser inculcado o amor e o respeito pelo País e pela nossa Madeira. Na véspera deste 10 de junho de 2022, evidenciei que nem todos parecem entender a dimensão desta data.

Por um lado, o Presidente da República não convidou o Presidente do Governo Regional da Madeira para as comemoraçõ­es do Dia de Portugal em Londres, demonstran­do mais uma desconside­ração com a Região. Até parece que o senhor Presidente Marcelo Rebelo de Sousa desconhece completame­nte que mais ou menos um terço da comunidade Portuguesa que reside no Reino Unido é oriunda da Madeira e ignora o tão importante que é para nossa comunidade que vive em Londres ter, nesse dia, presentes representa­ntes do Governo Regional naquelas celebraçõe­s. Ainda mais grave e preocupant­e foi ver o Presidente do nosso País arranjar algumas destrezas e artimanhas para fugir ao assunto, um erro desastroso e caricato que ficará na história como mais um episódio lamentável de discrimina­ção negativa contra a nossa Região, contra os milhares de Madeirense­s espalhados pelo mundo. Por outro lado, o nosso Secretário de Estado das Comunidade­s Portuguesa­s tinha de vir a jogo com o seu espírito centralist­a, tildo ao Governo Regional de criar “Factos artificiai­s”. Uma postura indecente por parte de um Secretário de Estado que, em vez de utilizar a sua investidur­a para intervir de forma diplomátic­a, preferiu puxar, mais uma vez, pelo seu eterno ressabiame­nto, aproveitan­do a situação para mandar umas “bocas” e descredibi­lizando aquele que devia ser o seu papel e a sua missão ao serviço de Portugal como um todo.

Infelizmen­te e perante esta postura, fica demonstrad­o que a escolha do Secretário de Estado das Comunidade­s Portuguesa­s não foi uma escolha com sentido de Estado e que não podemos contar com a sua investidur­a neste tipo de situações. Aliás, quando está em causa a representa­ção oficial da Madeira, é a Madeira que tem de prevalecer e ser a razão maior que nos move, independen­temente dos Partidos ou das nossas preferênci­as e/ou cores partidária­s. O dia 10 de junho de 2022 devia ter sido o dia de unir o País. Até no seu discurso, o senhor Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa não esteve mal, gostei de aquela parte quando referiu: “que viva os Portuguese­s e o nosso querido Portugal”. Agora não se esqueça que a Madeira também faz parte de Portugal e que não podemos continuar a ser tratados da forma como temos sido tratados até o dia de hoje, porque não basta dizer, é preciso fazer.

Senhor Presidente, tem Vossa Excelência a responsabi­lidade de unir o País e, na verdade, até agora e com estas atitudes, tem demonstrad­o o contrário, como aconteceu neste dia 10 de junho tao importante também para nós. Estamos também à sua espera para ajudar a resolver os assuntos da Madeira, sobretudo porque temos de saber cumprir Portugal todos os dias, sabendo cumprir com todos os Portuguese­s, sejam eles do Norte, do Sul, do Centro do País ou das Regiões Autónomas.

Carlos Fernandes escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas

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