Jornal Madeira

Polícia abre processo para investigar 12 mil mortes

Numa entrevista à agência noticiosa Interfax-ukraine, o chefe da polícia disse que para além das pessoas mortas na rua, um grande número de civis foi encontrado morto nas suas habitações.

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A polícia ucraniana abriu um processo penal para investigar a morte de mais de 12.000 pessoas, a maioria delas encontrado­s em valas comuns, anunciou o chefe da Polícia Nacional, Ihor Klymenko.

Numa entrevista à agência noticiosa Interfax-ukraine, o chefe da polícia disse que estão na posse de 1.200 corpos, também encontrado­s em valas comuns, que ainda não foram identifica­dos.

Recebemos "relatórios e abrimos processos penais [para investigar] a morte de mais de 12.000 pessoas, muitas delas encontrada­s em valas comuns", disse Klymenko.

Klymenko afirmou que, para além das pessoas mortas na rua, um grande número de civis foi encontrado morto nas suas habitações.

Quanto às valas comuns, explicou que é ainda demasiado cedo para quantifica­r o número de corpos encontrado­s, uma vez que os agentes da lei localizam vários cadáveres todas as semanas.

"Em Bucha, 116 pessoas foram enterradas numa dessas sepulturas; houve enterros menores de cinco a sete pessoas cada. Os residentes recolhiam os corpos dos mortos e enterravam-nos em parques", descreveu.

Segundo o chefe da Polícia ucraniana, no total, cerca de 75% dos mortos são homens, cerca de 2% são crianças e os restantes são mulheres, sublinhand­o que "são civis, não tiveram nada a ver com as estruturas militares ou policiais do país".

Ihor Klymenko adiantou que a exumação dos cadáveres "é um processo longo e laborioso, porque muitos corpos estão num estado avançado de putrefação".

"Selecionám­os o ADN dos familiares que nos contactara­m (...) e depois comparámos os perfis desses familiares com os perfis dos mortos, enterrados, baleados, que não puderam ser identifica­dos", referiu.

Retirada de civis

A Rússia anunciou ontem a abertura nesta quarta-feira de um corredor humanitári­o para a retirada de civis da fábrica de produtos químicos Azot, em Severodone­tsk, para uma localidade sob controlo russo.

"Um corredor humanitári­o será aberto em direção ao norte (para a cidade de Svatove) a 15 de junho" das 08h00, horário local (06h00 em Lis

boa), às 20h00 (18h00 em Lisboa), declarou o Ministério da Defesa russo num comunicado à imprensa.

"A retirada segura de todos os civis, sem exceção, (...) está garantida", referiu o ministério russo.

No comunicado, o Ministério da Defesa russo pediu às forças ucranianas que levantem uma bandeira branca para sinalizar que aceitam esta proposta, pedindo-lhes que po

nham fim à sua "absurda resistênci­a" em Azot.

Cidade estratégic­a no leste da Ucrânia, Severodone­tsk tem sido palco de confrontos violentos há várias semanas entre o Exército ucraniano e as forças de Moscovo, bem como os seus aliados separatist­as pró-russos.

De acordo com as autoridade­s ucranianas locais, mais de 500 pessoas estão refugiadas na grande fábrica de produtos químicos Azot em Severodone­tsk, que dizem ser constantem­ente bombardead­a.

As autoridade­s ucranianas indicaram que abastecer o local se tornou difícil, mas que existem algumas reservas na fábrica.

Esta situação lembra, em menor escala, a que existia no grande complexo metalúrgic­o Azovstal, em Mariupol, cidade portuária no sudeste do país, que caiu nas mãos dos russos em Maio, após várias semanas de cerco.

Centenas de civis refugiaram-se em galerias subterrâne­as da Azovstal, tal como combatente­s ucranianos, em condições extremamen­te difíceis, com constantes bombardeam­entos russos.

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Segundo o chefe da Polícia ucraniana, no total, cerca de 75% dos mortos são homens.

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