“Tratamos todos os doentes, não todos ao mesmo tempo”
No debate potestativo, requerido pelo JPP sobre ‘118 mil atos médicos em lista de espera’, o partido proponente apontou incapacidade ao Governo e Pedro Ramos ripostou com o trabalho realizado.
Começando pelo fim, Pedro Ramos reconheceu ontem, no fecho do debate potestativo, na Assembleia Regional, requerido pelo JPP acerca de ‘118 mil atos médicos em lista de espera’ na Região, que é de facto necessário “refletir sobre a saúde, mas com rigor e responsabilidade”, algo que não detetou ao longo do debate.
Pelo contrário, lamentou que se “compare o incomparável, porque pensam que isso pode trazer votos”, e que “nem tudo o que é decidido no gabinete se traduz na prática”, exemplificando que “uma pessoa pode estar na 20.ª posição para uma cirurgia, mas se surgirem dois casos graves passa para 22.ª”, nuances que diz que a oposição não entende.
Também no fecho, coube a Élvio Sousa a intervenção final do JPP, para exaltar não ter ficado satisfeito com aquilo que ouviu ao longo de mais de três horas de debate. “Constatamos diariamente o sofrimento de milhares de pessoas inscritas e sem resposta”, pelo que “não aceitamos que a nossa intervenção seja um ato de populismo”, consoante fora apelidada pelo secretário regional da Saúde e também pelos deputados da maioria PSD/CDS.
O debate potestativo foi sim, vincou, para manter o tema na agenda porque “é necessária uma resolução para resolver este problema o mais urgente possível”. E insistiu na falta de cumprimento do Governo, em relação à divulgação de tempos de espera. “Neste momento os madeirenses são portugueses de segunda por sua culpa”, disse a Pedro Ramos.
Antes, aos deputados, o governante tinha acentuado que o serviço regional está a “emergir do caos” da pandemia e que “há listas de espera porque privilegiamos o essencial e não o acessório”. Vincando, ainda, que o SESARAM “procura tratar de toda a gente, mas não trata todos ao mesmo tempo”.
Reconhecendo que “não há sistemas perfeitos”, lamentou que a oposição só se agarre ao negativo, evidenciando “um investimento constante” e referenciando dois valores referentes ao pico pandémico reveladores do esforço desenvolvido: “em 2020, foram realizados mais de 6,6 milhões de atos assistenciais e 8,9 milhões em 2021”.
“Não olhem só para os números por realizar”, frisou Pedro Ramos, não negando que em dois anos possa ter aumentando 10 mil atos médicos em lista de espera, consoante acusara Sérgio Gonçalves (PS).
Pedro Ramos lembrou ainda que “respondemos ao longo de quase cinco décadas aos problemas da população”, e que assim irá continuar a suceder, referenciando que “a atribuição do título honorário da Ordem de Mérito, pelo Presidente da República, indica que estamos no bom caminho”, recordando-se que tal sucedeu no passado dia 10 de julho, no Palácio de São Lourenço”.
“Por muito que custe a aceitar, as listas de espera são uma realidade em todos os hospitais de referência”, assegurou, deixando ainda uma farpa política ao JPP. “Estou aqui a convite de um partido que quer ser responsável por um sistema de saúde paralelo na Madeira”, referindo-se ao Município de Santa Cruz que, de acordo com as suas palavras, paga cirurgias para os amigos e para aqueles que nem estão nas listas de espera” e que, por isso, “deviam ser processados”.
No arranque, fora Paulo Alves a denunciar que desde 2015, com a entrada de Miguel Albuquerque para a Quinta Vigia, “os atos médicos na Região aumentaram 86%, passando de 63.635 para 118.635”.
“O Governo Regional não esteve empenhado nos últimos anos em encontrar solução para resolver o problema das listas de espera” e “as opções políticas em matéria de saúde falharam ao longo dos anos e comprovam a ineficácia”, considerou o deputado do JPP, pelo que “temos um elevado número porque o problema está aliado ao da pobreza, as pessoas não têm capacidade financeira para recorrer ao privado”.