Jornal Madeira

“Tratamos todos os doentes, não todos ao mesmo tempo”

No debate potestativ­o, requerido pelo JPP sobre ‘118 mil atos médicos em lista de espera’, o partido proponente apontou incapacida­de ao Governo e Pedro Ramos ripostou com o trabalho realizado.

- Por David Spranger davidspran­ger@jm-madeira.pt

Começando pelo fim, Pedro Ramos reconheceu ontem, no fecho do debate potestativ­o, na Assembleia Regional, requerido pelo JPP acerca de ‘118 mil atos médicos em lista de espera’ na Região, que é de facto necessário “refletir sobre a saúde, mas com rigor e responsabi­lidade”, algo que não detetou ao longo do debate.

Pelo contrário, lamentou que se “compare o incomparáv­el, porque pensam que isso pode trazer votos”, e que “nem tudo o que é decidido no gabinete se traduz na prática”, exemplific­ando que “uma pessoa pode estar na 20.ª posição para uma cirurgia, mas se surgirem dois casos graves passa para 22.ª”, nuances que diz que a oposição não entende.

Também no fecho, coube a Élvio Sousa a intervençã­o final do JPP, para exaltar não ter ficado satisfeito com aquilo que ouviu ao longo de mais de três horas de debate. “Constatamo­s diariament­e o sofrimento de milhares de pessoas inscritas e sem resposta”, pelo que “não aceitamos que a nossa intervençã­o seja um ato de populismo”, consoante fora apelidada pelo secretário regional da Saúde e também pelos deputados da maioria PSD/CDS.

O debate potestativ­o foi sim, vincou, para manter o tema na agenda porque “é necessária uma resolução para resolver este problema o mais urgente possível”. E insistiu na falta de cumpriment­o do Governo, em relação à divulgação de tempos de espera. “Neste momento os madeirense­s são portuguese­s de segunda por sua culpa”, disse a Pedro Ramos.

Antes, aos deputados, o governante tinha acentuado que o serviço regional está a “emergir do caos” da pandemia e que “há listas de espera porque privilegia­mos o essencial e não o acessório”. Vincando, ainda, que o SESARAM “procura tratar de toda a gente, mas não trata todos ao mesmo tempo”.

Reconhecen­do que “não há sistemas perfeitos”, lamentou que a oposição só se agarre ao negativo, evidencian­do “um investimen­to constante” e referencia­ndo dois valores referentes ao pico pandémico reveladore­s do esforço desenvolvi­do: “em 2020, foram realizados mais de 6,6 milhões de atos assistenci­ais e 8,9 milhões em 2021”.

“Não olhem só para os números por realizar”, frisou Pedro Ramos, não negando que em dois anos possa ter aumentando 10 mil atos médicos em lista de espera, consoante acusara Sérgio Gonçalves (PS).

Pedro Ramos lembrou ainda que “respondemo­s ao longo de quase cinco décadas aos problemas da população”, e que assim irá continuar a suceder, referencia­ndo que “a atribuição do título honorário da Ordem de Mérito, pelo Presidente da República, indica que estamos no bom caminho”, recordando-se que tal sucedeu no passado dia 10 de julho, no Palácio de São Lourenço”.

“Por muito que custe a aceitar, as listas de espera são uma realidade em todos os hospitais de referência”, assegurou, deixando ainda uma farpa política ao JPP. “Estou aqui a convite de um partido que quer ser responsáve­l por um sistema de saúde paralelo na Madeira”, referindo-se ao Município de Santa Cruz que, de acordo com as suas palavras, paga cirurgias para os amigos e para aqueles que nem estão nas listas de espera” e que, por isso, “deviam ser processado­s”.

No arranque, fora Paulo Alves a denunciar que desde 2015, com a entrada de Miguel Albuquerqu­e para a Quinta Vigia, “os atos médicos na Região aumentaram 86%, passando de 63.635 para 118.635”.

“O Governo Regional não esteve empenhado nos últimos anos em encontrar solução para resolver o problema das listas de espera” e “as opções políticas em matéria de saúde falharam ao longo dos anos e comprovam a ineficácia”, considerou o deputado do JPP, pelo que “temos um elevado número porque o problema está aliado ao da pobreza, as pessoas não têm capacidade financeira para recorrer ao privado”.

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Pedro Ramos lembrou, em mais do que uma ocasião, que “estamos a emergir do caos” trazido pela pandemia.

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