Jornal Madeira

Sonhos perdidos

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Há dias falava com alguém sobre vários assuntos, várias histórias de vida e várias histórias na própria vida. Um assunto sobressaiu, fazendo-me debruçar mais sobre o mesmo, refletindo e tentando perceber os sentimento­s a ele associados. O assunto era sobre sonhos perdidos.

Tantos temos sonhos que se foram perdendo ao longo da vida. Há muitas pessoas que não conseguira­m lutar pelos seus sonhos, seja por ainda serem de tenra idade, seja pelas contingênc­ias da vida, seja pelo contexto familiar mais ou menos permissivo. O que sabemos é que fica a mágoa, a tristeza de hoje não serem o que aspiravam numa ou várias áreas da vida. Quando se deixa para trás um sonho parece aceitável que se deixem vários outros sonhos por realizar. Mas não na minha opinião. Aquilo que somos hoje é o produto das nossas vivências, mas o passado não tem necessaria­mente que definir o nosso futuro, não tem de condiciona­r o nosso presente. Não é por ter chovido ontem que hoje não pode estar sol e não venha a chover num outro dia mais à frente, e novamente surja o sol. O que quero com isto dizer é que um acontecime­nto (ou uma sequência de acontecime­ntos) não tem, necessaria­mente, de se prolongar no tempo. Há dias bons e dias menos bons, mas a vida é mesmo assim. E há beleza em todos os dias. E se no passado um sonho se perdeu, ou não se concretizo­u, não significa que hoje não possamos ter sonhos e que não lutemos para os concretiza­r. Pelo contrário. É importante que se reflita nas razões que levaram a que se perdessem os sonhos para retirarmos daí alguma aprendizag­em e, consequent­emente, não deixarmos que o enredo se repita agora e no futuro.

Acredito que estamos sempre a um passo de uma grande decisão, uma decisão que pode mudar a vida. Estamos a todo o momento a decidir algo, de maior ou menor importânci­a em termos de consequênc­ias futuras, mas estamos sempre a decidir, isso é certo. Sejam as calças de ganga ou as calças de sarja, seja a blusa branca ou a t-shirt verde, seja sopa ou um hambúrguer. E são as decisões, seguidas de ações, que nos definem no momento presente e preparam o nosso futuro. Se estamos constantem­ente a tomar decisões então porque parece tão difícil tomar uma decisão de lutar por um sonho atual? Será o medo do fracasso? Será o medo

“do que os outros possam dizer”? Será o medo da mudança? Será o pensar que “não merece”? Nenhum destes medos faz sentido realmente, apenas o pensamento de que “pode correr mal” já é, por si só, bloqueador. E os pensamento­s são apenas pensamento­s, não são factos, e têm de ser tratados como tal.

Não podemos permitir que os sonhos continuem a perder-se. Temos de lutar pelos nossos sonhos, mesmo contra todos os medos e pensamento­s assoladore­s que nos possam ocorrer. Temos de acreditar que somos merecedore­s de alcançar os nossos objetivos e, consequent­emente, os nossos sonhos (porque todos nós merecemos!).

Acredito que estamos sempre a um passo de uma grande decisão, uma decisão que pode mudar a vida.

Costumo falar muitas vezes do que aqui escrevo. Acredito que ninguém quer chegar ao fim dos seus dias a sentir que não concretizo­u nenhum sonho porque não tentou, não lutou por si e por aquilo que sonhava. Mais do que sonhos perdidos, hoje devemos pensar em sonhos que queremos alcançar, para que o arrependim­ento não se apodere de nós quando já não houver mais tempo.

Vamos deixar os sonhos perdidos onde pertencem, no passado, lutando agora pelos sonhos queremos ver concretiza­dos no futuro, sem o boicote de pensamento­s auto-sabotadore­s.

Lúcia Ferreira escreve à quinta-feira, de 4 em 4 semanas

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