Jornal Madeira

O problema do mensageiro

- Edmar Fernandes subdiretor efernandes@jm-madeira.pt

Andamos por estes dias atolados em factos deprimente­s. A maioria como resultado da inépcia de quem deveria liderar e agilizar processos. Mas nada, mesmo nada, ocorre em termos de responsabi­lização a não ser a constataçã­o do óbvio: quem se vai tramar são sempre os outros ou… o mensageiro.

Por exemplo, o PRR, tábua de salvação da economia nacional, está atrasado seis meses. E ainda aqui vamos… Portanto, o nome do plano para recuperar a Europa não poderia ter sido melhor empregue, porque teremos mesmo de ser resiliente­s para saber aguardar pelos apoios. Quem puder, todavia, que faça pela vida sem (des)esperar pelo PRR. Porque os prazos sempre foram irrealista­s, porque apareceu a guerra, porque… porque!

Outro problema é quando a notícia não se coaduna com a expectativ­a dos protagonis­tas. Aí, pronto, está o caldo entornado, porque o problema da mensagem reside invariavel­mente no mensageiro. Porquê? Ora, porque sempre foi assim…

Veja-se o que se passou no Lar Maria Aurora. O Jornal interessou-se por uma questão que iria resultar no despejo de 21 utentes. Mais uma vez, o problema, para quem foi alvo da notícia, é o mensageiro. Porque os idosos até são bem tratados. Aliás, não seria de esperar outro tratamento, quando as mensalidad­es vão por inteiro para a gerência do Lar, que nem se dá à maçada de pagar aos donos do edifício. Assim, até deve sobrar mais para zelar por todos os utentes. Basta fazer as contas.

No PSD-M também não há azedume nenhum. É o Jornal a inventar. Estão todos unidos em prol do líder, como se ouve na gíria. Embora ninguém dissesse o contrário, atenção. Esquecem-se os unionistas (o clube já terminou, mas parece servir alguns laranjas) que a maioria anda de olhos bem abertos e que é impossível afagar egos que carecem de ‘carinhos constantes’.

Há trabalho? Há. Há dedicação? Há também. Mas há igualmente a noção de que o afastament­o do presidente da CMF do leque de discursant­es do Chão da Lagoa não agradou a boa parte dos social-democratas. Porque, historicam­ente, não é usual. (Quase) sempre fala. É mentira que haja descontent­amento? Pois bem, se não acreditam perguntem aos militantes. Vão encontrar uns quantos surpreendi­dos com a opção. E assim perceberão, também, quem são os laranjas ditos unionistas mas, já agora, prometam continuar a intitular os surpreendi­dos como meros militantes. Não de divisionis­tas.

Tudo isto, no entanto, é passageiro. Há sempre tempo para inverter problemas e resolver desavenças. Tempo que deixou de existir para o campeão dos adeptos, Pedro Paixão, porque a vida é assim, malvada, não olha para quem é boa ou má pessoa.

Nunca privei com o jovem. Fui ouvindo conversas de bastidores, mesmo sem querer, por imperativo­s profission­ais. Porque o rapaz tinha talento de sobra. E era alegre, um daqueles bem dispostos contagiant­es. Talvez por isso, mesmo que por manifesto azar não tenha vencido um rali, seja considerad­o um campeão. E são os adeptos que o atribuem. Há melhor título do que esse?

O problema das notícias é que não agradam a todos. Nem os humoristas conseguem.

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