Tosquias tradicionais estão de regresso às serras do Poiso
Após um longo interregno causado pela pandemia de covid-19, que impediu a realização das tosquias em 2020 e em 2021, o tradicional evento regressa este mês ao perímetro florestal das serras do Poiso. Depois de uma primeira tosquia, no passado dia 10 de junho, na Ribeira dos Boieiros, este domingo é esperada uma autêntica enchente no Chão dos Terreiros.
“É uma boa notícia, significa um pequeno regresso ao normal”, salientou João Abel Escórcio Freitas, presidente da Associação de Criadores de Gado das Serras do Poiso (ACGSP), ao JM. “Já havia saudades desta tradição. É algo que já era muito esperado há algum tempo. Não podia ser feito por causa da pandemia, mas agora que a situação melhorou um pouco, acho bem que se vá voltando, a pouco e pouco, ao normal”.
Para este domingo, são esperadas mais de 800 ovelhas e 85 pastores. Números que comprovam a vontade dos criadores e da população, considera Abel Freitas, e que poderão mesmo ultrapassar os registos da última edição das tosquias realizadas no Chão dos Terreiros, em 2019. Na altura, de acordo com os dados divulgados pela Secretaria do Ambiente e dos Recursos Naturais, o evento envolveu aproximadamente 600 ovelhas, de 85 criadores associados da ACGSP.
Já no dia 10 deste mês, cerca de 320 ovelhas foram tosquiadas, numa iniciativa que reuniu 30 criadores na Ribeira dos Boieiros.
As ovelhas a tosquiar fazem parte dos rebanhos da ACGSP e apascentam nos pastos das Serras do Poiso. São rebanhos que resultaram do ordenamento silvopastoril, que ocorreu neste perímetro florestal na década de 1960 e que se mantêm até aos dias de hoje. Desde então e como consequência do ordenamento ocorrido, os rebanhos são mantidos racionalmente, com a sua condução a ser realizada por pastores, para que o espaço natural não seja deteriorado e para que os pastos sejam aproveitados adequadamente.
Tradicionais e muito apreciadas pelos madeirenses e, também, pelos turistas, estas tosquias congregam uma grande afluência de pessoas que apreciam as tradições antigas que perduram na Região. Por outro lado, estes eventos têm também o propósito de sensibilizar a população, os pastores em particular, para a importância do ordenamento silvopastoril, racionalização essencial para a gestão sustentável das áreas da floresta, em contraponto com o desordenamento que, na Região ocorreu até a um passado muito recente e que prejudicou o património florestal e a sua biodiversidade.
Isso mesmo frisou Abel Freitas, apelando à presença aos pastores associados da ACGSP.
Estes dois eventos são organizados pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), em colaboração com a Associação de Criadores de Gado das Serras do Poiso (ACGSP).
Para além das tosquias propriamente ditas, estas iniciativas contam igualmente com atividades tradicionais de natureza artística e recreativa, inerentes a estes eventos com características de arraial, a que também acrescem as barracas de comes e bebes e de venda de fruta da época.
Este domingo, as tosquias deverão reunir cerca de 800 ovelhas, de 85 criadores, no Chão dos Terreiros.