Jornal Madeira

“Vamos ter que nos voltar a sentar com a República”

Face à escalada de preços, a construção do novo hospital irá ‘derrapar’, mas Rogério Gouveia confia que o Estado irá acompanhar a compartici­pação dos 50% também no acréscimo que se vier a registar.

- Por David Spranger davidspran­ger@jm-madeira.pt

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MILHÕES DE EUROS

É inequívoco que os preços vão subir. O momento em que foi feito o apuramento do projeto não é, de todo, aquele que vivemos agora.

Entrou em vigor, já em maio, uma Lei da República que prevê a revisão em alta dos procedimen­tos concursais, por via da escalada de preços. Rogério Gouveia, o secretário regional que tutela as Finanças, considera este mecanismo normal, relevando ser “plausível que toda a gente percebe que, com a escalada de preços, as obras públicas terão um custo acrescido, para as empreitada­s e, consequent­emente, o preço de referência quando os concursos foram lançados tinham como base uma outra realidade económica e outra conjuntura internacio­nal. Como muitas das obras têm um caráter plurianual bastante significat­ivo, ficam expostas a este tipo de fenómenos. Já existia um mecanismo de revisão de preços em obras públicas, no entanto, o legislador entendeu que era necessário revisitar essa previsão legal de revisão de preços, para que se pudesse adaptar à atual conjuntura”.

Parece, pois, “inevitável que efetivamen­te vamos ter custos acrescidos das obras que estão em curso. Mas também, como o Estado e a Região são pessoas de bem, não podemos estar à espera que sejam os empreiteir­os a assumirem os custos da escalada dos preços. Isso far-se-á através de alterações orçamentai­s, caso seja necessário”. Mas releva que essa não será uma decisão unilateral e, pelo contrário, terá de ser devidament­e fundamenta­da. “Salvaguard­o que apesar desse regime excecional, todas as revisões de preço são objeto de relatórios periciais independen­tes, que fazem o apuramento do ponto de vista técnico e do ponto de vista financeiro, e só após essa validação é que o processo pode ser aceite pelo dono da obra”, explica.

Neste contexto, a obra do Hospital Central e Universitá­rio da Madeira, a maior em curso na Região e uma das maiores no todo nacional, não será exceção. Para resolver esse diferencia­l de custo de obra, que por estas alturas ninguém se atreve a quantifica­r, mas que Rogério

Rogério Gouveia secretário regional das Finanças

Gouveia assegura que “como certamente vamos ter revisões em alta do custo da empreitada, vamos nos sentar com o Governo da República e esperar que haja essa abertura para acompanhar na sua proporção de 50%, tal e qual aquilo que está publicamen­te assumido, naquele que seja o acréscimo do custo da obra. E a Região, consequent­emente, também, acautelar a sua quota parte na mesma medida”.

Quando confrontan­do com uma estimativa de percentual da ‘derrapagem’, Rogério Gouveia ripostou que “ninguém neste momento consegue prever nada, dada a instabilid­ade mundial que se vive. Qualquer previsão nesta altura é um mero exercício de adivinhaçã­o. O que posso adiantar é que nós estamos a monitoriza­r e a acompanhar, e também deixar o compromiss­o de que independen­temente de todas estas nuances e de todos os episódios que têm contornado o projeto do Hospital Central e Universitá­rio da Madeira, ele será uma realidade. O Governo Regional está absolutame­nte empenhado em

 ?? ?? Valor total antes projetado. Deste, 18,9 ME na 1.ª fase, sendo que no imediato, para a 2.ª fase, estão previstos 75 ME. A 3.ª fase está já a ser projetada.
Valor total antes projetado. Deste, 18,9 ME na 1.ª fase, sendo que no imediato, para a 2.ª fase, estão previstos 75 ME. A 3.ª fase está já a ser projetada.
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