Jornal Madeira

Eventos Internacio­nais: Apoio ou Investimen­to?

- José Júlio Curado zecurado@yahoo.com

Talvez não saiba, mas neste momento decorre, na Madeira, a 55ª edição dos Campeonato­s Europeus de Seleções Nacionais de Bridge. Inicialmen­te estes campeonato­s estavam previstos para 2020, mas por causa da pandemia, foram adiados, primeiro para 2021 e, depois, para 2022.

A organizaçã­o deste evento é tripartida, entre a Liga Europeia de Bridge (EBL) que é o organismo governante na Europa (um pouco como a UEFA, no caso do Futebol), a Federação Portuguesa de Bridge (FPB) e a Associação de Bridge da Madeira (ABM), que também é responsáve­l pela organizaçã­o anual do Open Internacio­nal de Bridge da Madeira cuja 25ª edição se realizará em novembro. E não fora a determinaç­ão desta última organizaçã­o e a tenacidade do seu presidente Miguel Teixeira, teria sido movida para uma outra cidade ou região europeia.

Ao longo de onze dias, de 12 a 22 de junho, todas as manhãs por volta das 9:30, cerca de 800 participan­tes entre jogadores, capitães de equipa, treinadore­s, representa­ntes federativo­s e staff, dirigem-se aos seus locais de jogo: No Casino da Madeira jogam as Seleções Nacionais Open (30 países) e as Seleções Nacionais de Equipas Mistas (22 países), enquanto que nas salas do Savoy Palace se disputam os Campeonato­s de Seleções de Senhoras e Seniores (nascidos antes de 1959), com 19 países representa­dos em cada uma das competiçõe­s.

Às 10:00, em ponto, iniciam-se as quatro provas, em que as melhores jogadoras e jogadores da Europa jogarão exatamente os mesmos jogos, com as mesmas cartas, comparando-se os resultados obtidos em cada jogo para determinar quem serão os países Campeões Europeus ao longo dos próximos dois anos e quais serão as oito ou nove seleções europeias que participar­ão na Bermuda Bowl (os Campeonato­s Mundiais) do próximo ano.

Antes de começar a ler este artigo, talvez não soubesse que neste momento decorrem, na Madeira, os Campeonato­s Europeus de Seleções Nacionais de Bridge de 2022. Mas quem já saberá, certamente há mais tempo, são as centrais de reserva do Casino da Madeira e do Savoy Palace, bem como os proprietár­ios e empregados dos restaurant­es e bares do Funchal – não só nas imediações dos locais onde decorrem estes Campeonato­s, mas também no centro da cidade – principalm­ente os de reconhecid­a qualidade.

Esta é uma das principais caracterís­ticas de um evento de Bridge em todo o Mundo: quem participa não imputa um custo extra elevado para as entidades organizado­ras, mas vem a expensas próprias ou das federações e clubes participan­tes e tem, na maioria dos casos, uma capacidade económica razoavelme­nte alta.

Há, como em quase todos os eventos internacio­nais, um evidente reforço de promoção turística, decorrente da visibilida­de de um evento deste nível, mas também da promoção pessoal que 800 pessoas farão junto do seu círculo de amizades pessoais no regresso a casa e nas redes sociais (com centenas de fotografia­s partilhada­s todos os dias) durante a estadia.

Mas, neste tipo de eventos, é também possível contabiliz­ar um notável retorno direto e imediato: em termos de noites de hotel (em média 12 noites por pessoa), de refeições de maior valor acrescenta­do médio, de serviços turísticos e de ofertas para os entes queridos no regresso.

É por isso que considero que este tipo de eventos desportivo­s merece a atenção redobrada das autoridade­s que tutelam o desporto, o turismo e a economia, e que por vezes parecem um pouco alheadas destes detalhes.

Estas modalidade­s desportiva­s de participaç­ão, em que praticante­s e acompanhan­tes são responsáve­is pelas suas próprias despesas, e ao contrário de muitas outras vocacionad­as exclusivam­ente para o espetáculo e cujo eventual retorno depende da vinda futura desses espetadore­s, são muito mais atrativas para a Região.

Nestes casos, os eventuais apoios públicos não se limitam a devolver e derramar dinheiro na economia local, mas devem ser encarados como um investimen­to (lucrativo) no turismo desportivo internacio­nal, uma componente com capacidade de cresciment­o da nossa maior indústria exportador­a: o Turismo.

José Júlio Curado escreve ao sábado, de 4 em 4 semanas

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