ACIF defende pacote de incentivos
Veiga França lança sérias críticas à “política eleitoralista” de António Costa e defende subida do salário-base médio. Para a Madeira, pede políticas fiscais para combater falta de profissionais.
Uma política articulada entre os vários setores públicos e privados, incentivos fiscais e apoio à inovação. Esta pode ser a receita para atrair quadros externos qualificados para áreas com carência de recursos humanos ou com grande potencial de desenvolvimento, como a tecnológica.
A proposta do presidente da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF) passa pela valorização dos salários e vai mais além, defendendo compensações na aquisição de imobiliário local para atrair jovens famílias, ajustes nos impostos e escolas que enquadrem o quadro familiar dos trabalhadores não residentes.
Jorge Veiga França aplaude os esforços do Governo Regional para reduzir o diferencial no terceiro e quarto escalões do IRS, uma medida que, do ponto de vista de atração fiscal, permitiria fixar na Madeira empresas internacionais e tecnologia de ponta.
O porta-voz da ACIF junta-se a outras organizações, como é o caso da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), nas críticas à política de aumento salarial que tem alargado o fosso entre as remunerações mínimas e médias.
Segundo dados divulgados este ano pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a evolução da média salarial continuou a não acompanhar o ritmo de subida do salário mínimo nacional (SMN) no ano passado. Em 2021, a retribuição mínima legal cobriu já perto de dois terços da média de remunerações-base pagas aos trabalhadores.
Também a Comissão Europeia já veio a público alertar para a pequena diferença que existe entre o valor do salário mínimo e do salário médio, o que poderá desencorajar, por exemplo, os portugueses de investirem na educação e fomentar a emigração.
Para Jorge Veiga França, este é um reflexo da “política eleitoralista” e “inaceitável” do Governo da República.
O economista questiona o apelo lançado pelo primeiro-ministro para que as empresas aumentem os salários em 20% nos próximos quatro anos, isto numa altura em que os negócios se debatem com um aumento brutal dos custos energéticos e das matérias-primas.
A meta tem subjacente o esforço necessário para que o peso dos salários no Produto Interno Bruto fosse idêntico ao da média europeia, subindo dos 45% para os 48%, mas os dados do Eurostat, em 2021, fixam o peso das remunerações no PIB nos 47,8% na União Europeia e 48,8% em Portugal.
“A meta fixada para 2026 foi já atingida em 2020 e ultrapassada em 2021”, vinca Jorge Veiga França, citando também o presidente da CIP, António Saraiva.