Jornal Madeira

500 casos diários de uma doença que já é “quase banal”

Herberto Jesus comenta que não é habitual perguntar pelo número de caso diários de outras doenças.

- Por Paula Abreu paulaabreu@jm-madeira.pt

Algumas das pessoas que faleceram tinham covid. Pode ser, por exemplo, a patologia cardiovasc­ular ser a causa de morte. Mas, no certificad­o de óbito é obrigatóri­o colocar se o falecido tinha covid-19”.

A Madeira tem registado uma média diária de 500 casos de covid-19. A informação foi prestada ao nosso jornal pelo diretor regional de Saúde, que sublinhou que, atualmente, com “o advento da vacinação e dos tratamento­s disponívei­s na Região”, bem como a prevenção, a doença é já endémica, “está implantada e passou a ser uma doença quase banal”. O que não descura os cuidados que as pessoas devem ter quando sentem que têm sintomas, nomeadamen­te usar sempre a máscara quando estão com outros, enfatizou o responsáve­l.

Herberto Jesus entende que o número de casos positivos diários não é atualmente uma questão importante, pela forma como a doença já está controlada na Região. “Um número é apenas um número”, disse, comentando que “ninguém pergunta qual o número de diabéticos ou de AVCS por dia”, por exemplo.

Como sublinhou, a pandemia que mais o preocupa é a “pandemia das doenças crónicas”. Isso porque, a população vive, por norma, mais anos, com uma média de sete anos de vida saudável a partir dos 65 anos. “E, independen­temente de qual seja o vírus ou a bactéria, o problema é as doenças crónicas”, reforçou.

A propósito, e instado a se pronunciar sobre o facto de a Madeira contabiliz­ar, até ao dia de ontem, 315 óbitos associados à covid-19, Herberto Jesus respondeu ao nosso Jornal que tal não significa que os indivíduos em causa tenham falecido por causa do Sars-cov-2, mas sim pelas patologias crónicas de que sofriam, como doenças cardiovasc­ulares ou endócrinas, que podem causar a morte.

“Como a covid-19 é muito prevalente, algumas dessas pessoas que faleceram tinham covid e a tendência que temos é dizer que a causa de morte é o vírus, mas não é. Pode ser, por exemplo, a patologia cardiovasc­ular a causa de morte. Mas, no certificad­o de óbito é obrigatóri­o o médico colocar se o falecido tinha covid, e assume por defeito como algo que levou à morte, o que não é totalmente claro”.

Aliás, acentuou que a taxa de mortalidad­e por covid-19 “é muito mais baixa do que outras doenças que existem como as cardiovasc­ulares ou a diabetes”. Nesse âmbito, Herberto Jesus diz que a preocupaçã­o da Saúde se centra no facto de a Região ter cada vez mais pessoas idosas, com várias doenças ao mesmo tempo e mais vulnerávei­s.

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A Saúde regional encara atualmente a covid-19 como uma doença endémica, “quase banal”.

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