Jornal Madeira

Porque te calas?

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Oparlament­o nacional aprovou as propostas que permitem o suicídio a pedido e com intervençã­o médica. Apesar da oposição de todas as ordens profission­ais envolvidas e das estruturas nacionais sobre as questões éticas e recusando o referendo, a Assembleia da República acaba de determinar que os serviços públicos de saúde tenham como finalidade ao lado da saúde e bem-estar, a morte e a antecipaçã­o do fim da vida nas hipóteses previstas.

Ainda não se conhece o que fará o Presidente da República nem o Tribunal Constituci­onal, se a isso for chamado. Mas duas coisas pode já concluir-se de todo este procedimen­to.

A primeira é que num País onde os serviços de saúde revelam um estado caótico e degradado, onde não se garante cuidados paliativos à generalida­de dos que sofrem, a insistente preocupaçã­o da maioria dos deputados é a oficializa­ção da eutanásia! Quando os recursos financeiro­s são escassos e a sua utilização deve ser cada vez mais refletida, quando há grávidas que perdem os filhos por falta de assistênci­a hospitalar, ruptura em negociaçõe­s para acabar com a falta de médicos na urgência, listas de espera a crescer, o primeiro agendament­o da Assembleia da República foi canalizar dinheiro e técnicos para a eutanásia. Quando nos preocupamo­s com a guerra regressada ao palco europeu, com consequent­es milhares de mortos e milhões de refugiados, com a destruição de cidades e infra-estruturas e com as consequênc­ias para a economia global, a prioridade dos grupos parlamenta­res foi a aprovação daquelas quatro iniciativa­s! Pela prioridade e oportunida­de está tudo dito!

A segunda conclusão é ainda mais chocante. Quem ouve os defensores da causa percebe que o seu principal motivo é acabar com a moralizaçã­o do sistema jurídico, é retirar as crenças e a ética das leis portuguese­s. Muitos até ufanam-se com uma "vitória" sobre o "conservado­rismo católico" numa indisfarçá­vel provocação. Invocando uma liberdade individual que a psicologia confessa ser necessaria­mente debilitada naquele estado, arvorando uma dignidade de vida sem sofrimento que, pelos vistos, se alcança apenas com a morte, o Estado português acaba de aplaudir mais um golpe na aposta da defesa do direito à vida mesmo a quem sofre, pondo os seus meios ao serviço de um desejo de morrer.

Perante esta nova tentativa é ensurdeced­ora a omissão de pronúncia! Perante esta perversão é preocupant­e ouvir apenas a sensata revolta do Sr Bispo do Funchal.

Muitos até ufanam-se com uma "vitória" sobre o "conservado­rismo católico" numa indisfarçá­vel provocação.

Nada justifica o "deixar passar"! Não há "fastio" ou saturação pela repetição de assunto que sirva de argumento!

Que posição tem o Governo Regional?

Porque te calas Parlamento regional?

Porque não oiço o CDS/MAdeira?

Ricardo Vieira escreve ao domingo, de 4 em 4 semanas

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