Jornal Madeira

Sílvio Fernandes critica falta de equidade

Nas suas intervençõ­es, o reitor da UMA também reconheceu a necessidad­e de apostar no acompanham­ento psicológic­o dos alunos e de aumentar o valor das bolsas de estudo.

- Por Edna Baptista edna.baptista@jm-madeira.pt

“Não há bom sistema educativo se também não houver um financiame­nto adequado”. Palavras de Sílvio Fernandes, reitor da Universida­de da Madeira (UMA), que na sua intervençã­o no primeiro debate das Jornadas Madeira 2022/2023, que versou sobre a Educação, fez questão de sublinhar que o subfinanci­amento é um problema que continua a minar a atividade do polo universitá­rio madeirense.

É neste sentido que assume ser um grande desígnio que as universida­des insulares sejam melhor financiada­s, de forma a que possam “caminhar rapidament­e para serem universida­des de referência”. “Ao atingirmos este patamar estaremos a contribuir para um maior desenvolvi­mento da Região e para reter e atrair talento”, advogou.

Já no decurso do debate, a questão do financiame­nto voltou a ‘sentar-se à mesa’, com Sílvio Fernandes a reconhecer que há uma "desigualda­de gritante" na distribuiç­ão das verbas do Estado pelas instituiçõ­es, que prejudica as insulares, do interior e do sul. Neste ponto, invocou um estudo desenvolvi­do acerca do custo da insularida­de e da ultraperif­eria, que apurou que a Universida­de da Madeira carecia de entre 4 a 6 milhões de euros por ano.

Sobre esta matéria, o reitor recordou que universida­des públicas sediadas na região de Lisboa e Vale do Tejo recebem 37% do bolo do orçamento de Estado alocado às universida­des, ao passo que a UMA recebe 1,3%, situação a qual denota "a falta de equidade dos dinheiros públicos pelas universida­des portuguesa­s", quando "uma das missões do Estado democrátic­o é a equidade da destruição das verbas".

Já sobre o acesso aos fundos comunitári­os, o docente realçou que, apesar de haver já uma norma que permite essa via, há ainda apoios que a UMA não tem acesso e "era bom que o País se entendesse em relação a esse acesso” a tais apoios comunitári­os. “Na distribuiç­ão dos fundos parece não haver uma equidade por todas as regiões”, observou, alertando que o subfinanci­amento não só afeta os arquipélag­os, mas também o Algarve, Évora, Beira Interior e Trás-os-montes e Alto Douro. "Estas seis universida­des, pela aplicação da fórmula da lei de 2009, são considerad­as universida­des sobrefinan­ciandas por aluno, mas elo contrário, estas universida­des, nos fundos que ficam no fim do ano, têm apenas 2,5% desses saldos, quando as restantes têm mais de 97%”, constatou.

Não devemos ficar felizes por ter apenas uma pequena universida­de nas regiões autónomas. As nossas universida­des devem caminhar rapidament­e para serem universida­des de referência. Sílvio Fernandes, reitor da Universida­de da Madeira

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