Jornal Madeira

Evoluir do pronto-a-vestir à alfaiatari­a e à alta costura

João Casanova de Almeida defendeu mudanças no ensino superior, sem esquecer o património secular da instituiçã­o. E fez uma metáfora sobre como deve evoluir o sistema.

- Por Paula Abreu paulaabreu@jm-madeira.pt

João Casanova de Almeida, ex-secretário de Estado do Ensino e Administra­ção Escolar, fez uma análise ao ensino superior em várias frentes, não só nos desafios que o mundo atual e o mercado laboral exigem, como também na prevalênci­a da cultura da instituiçã­o ‘Universida­de’, como “uma cultura secular enraizada”.

Reconhecen­do que funciona, “de um modo geral com padrões rígidos”, o orador apresentou uma metáfora: “trata-se de uma fábrica de automóveis, com o fabrico standard de um único modelo. Mas a fábrica tem de adaptar a produção às necessidad­es do mercado se quer ter um produto competitiv­o”. Assim, também o ensino superior ou a instituiçã­o tem de “passar de um modelo ‘pronto-a-vestir’ para um modelo de ‘alfaiate’ e numa fase seguinte para um modelo de ‘alta-costura’.

Nesse sentido, defendeu a flexibiliz­ação dos currículos e das próprias disciplina­s para a construção dos percursos dos alunos, “bem como apostar em novas metodologi­as de ensino que tenham em conta a experiênci­a prática, visando o pensamento crítico e a autonomia dos alunos”.

A aposta na inovação tecnológic­a, através da inteligênc­ia artificial, tem de ser uma realidade e “temos de ter presente que estão a chegar ao ensino superior os nativos digitais. Temos de flexibiliz­ar o ensino e as aprendizag­ens”, sustentou ainda.

Na sua análise, a exclusivid­ade do ensino presencial carece de reflexão, “já que o caminho percorrido durante a pandemia não será certamente ignorado”, com o ensino online. Assim como será necessário equacionar, como tendência de futuro no ensino superior, a necessidad­e de

João Casanova novos métodos de avaliação centrados nas habilidade­s e competênci­as de cada aluno, capazes de gerar resultados”.

Uma avaliação do impacto das instituiçõ­es do ensino superior no desenvolvi­mento da sociedade, da Região e do País, bem como a questão do financiame­nto destas instituiçõ­es foram outros dos temas abordados pelo ex-secretário de Estado do Governo de Passos Coelho.

Na sua intervençã­o, o responsáve­l alertou que o ensino superior não pode ter apenas uma visão de utilidade, porque tem “um papel de seculariza­r o conhecimen­to. Não pode pelo facto de não haver, no imediato, no mercado de trabalho lugar para aqueles que se formam em filosofia”, por exemplo, reforçando que “esse é um património que passa de geração em geração. Precisamos que exista cada vez mais pensamento crítico”. E acentuou: “o pensamento

Sendo por todos reconhecid­o que a Educação é a maior alavanca para o desenvolvi­mento sustentáve­l de um país, e que para tal contribuem o pensamento crítico, o empreended­orismo e a inovação, a par da utilização das novas tecnologia­s e da criativida­de, que lugar reservamos no Sistema Educativo à criativida­de? de Almeida, ex-secretário de Estado

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