Evoluir do pronto-a-vestir à alfaiataria e à alta costura
João Casanova de Almeida defendeu mudanças no ensino superior, sem esquecer o património secular da instituição. E fez uma metáfora sobre como deve evoluir o sistema.
João Casanova de Almeida, ex-secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar, fez uma análise ao ensino superior em várias frentes, não só nos desafios que o mundo atual e o mercado laboral exigem, como também na prevalência da cultura da instituição ‘Universidade’, como “uma cultura secular enraizada”.
Reconhecendo que funciona, “de um modo geral com padrões rígidos”, o orador apresentou uma metáfora: “trata-se de uma fábrica de automóveis, com o fabrico standard de um único modelo. Mas a fábrica tem de adaptar a produção às necessidades do mercado se quer ter um produto competitivo”. Assim, também o ensino superior ou a instituição tem de “passar de um modelo ‘pronto-a-vestir’ para um modelo de ‘alfaiate’ e numa fase seguinte para um modelo de ‘alta-costura’.
Nesse sentido, defendeu a flexibilização dos currículos e das próprias disciplinas para a construção dos percursos dos alunos, “bem como apostar em novas metodologias de ensino que tenham em conta a experiência prática, visando o pensamento crítico e a autonomia dos alunos”.
A aposta na inovação tecnológica, através da inteligência artificial, tem de ser uma realidade e “temos de ter presente que estão a chegar ao ensino superior os nativos digitais. Temos de flexibilizar o ensino e as aprendizagens”, sustentou ainda.
Na sua análise, a exclusividade do ensino presencial carece de reflexão, “já que o caminho percorrido durante a pandemia não será certamente ignorado”, com o ensino online. Assim como será necessário equacionar, como tendência de futuro no ensino superior, a necessidade de
João Casanova novos métodos de avaliação centrados nas habilidades e competências de cada aluno, capazes de gerar resultados”.
Uma avaliação do impacto das instituições do ensino superior no desenvolvimento da sociedade, da Região e do País, bem como a questão do financiamento destas instituições foram outros dos temas abordados pelo ex-secretário de Estado do Governo de Passos Coelho.
Na sua intervenção, o responsável alertou que o ensino superior não pode ter apenas uma visão de utilidade, porque tem “um papel de secularizar o conhecimento. Não pode pelo facto de não haver, no imediato, no mercado de trabalho lugar para aqueles que se formam em filosofia”, por exemplo, reforçando que “esse é um património que passa de geração em geração. Precisamos que exista cada vez mais pensamento crítico”. E acentuou: “o pensamento
Sendo por todos reconhecido que a Educação é a maior alavanca para o desenvolvimento sustentável de um país, e que para tal contribuem o pensamento crítico, o empreendedorismo e a inovação, a par da utilização das novas tecnologias e da criatividade, que lugar reservamos no Sistema Educativo à criatividade? de Almeida, ex-secretário de Estado