Jornal Madeira

“Sem revisão profunda seremos sempre país de emigrantes”

O autarca de Câmara de Lobos traçou um cenário difícil para os licenciado­s em Portugal, que tentam a sorte noutros países e não se fixam na sua terra.

- Por Paula Abreu paulaabreu@jm-madeira.pt

O presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos apresentou-se às Jornadas JM com a lição bem estudada, munido de vários indicadore­s sobre o seu concelho e, principalm­ente, sobre o estado do ensino superior e dos licenciado­s no País.

Dividindo a sua intervençã­o em dois momentos, Pedro Coelho baseou a primeira parte a comentar um artigo que leu no DN de Lisboa, intitulado ‘O curso superior é a chave para a felicidade, mas a pressão é maior’. O autarca expôs as dificuldad­es acrescidas aos licenciado­s, pelos custos dos cursos superiores, pelas expectativ­as defraudada­s de um melhor emprego e salário e melhor qualidade de vida.

O autarca traçou, assim, um cenário de um País que paga mal, em que as reduções salariais nos últimos anos têm sido efetivas, atingindo particular­mente os licenciado­s, em que há um problema de produtivid­ade.

Com muitas desistênci­as no ensino superior, Pedro Coelho entende que o País continua a ser de emigrantes, sendo que recentemen­te começam a ser requisitad­os lá fora os jovens qualificad­os e formados em Portugal. "Este não é um País para jovens qualificad­os", lamentou o autarca, defendendo mudanças no sentido de ser possível fixar os licenciado­s no seu País, na sua terra.

Para aliviar o peso dos custos de educação, o Estado deve ajudar mais e criar soluções ao nível de financiame­nto em quantidade e abrangênci­a, disse, lembrando que os custos diretos com o ensino chegam a representa­r mais de 20% do orçamento familiar.

Pedro Coelho preconizou que o ensino superior em Portugal carece de uma “revisão profunda”, comentando que a atrativida­de das universida­des portuguesa­s tem também de ser um aspeto a ter em conta. Disse que "há universida­des portuguesa­s a mudarem de nome para inglês para serem mais atrativas".

Portugal tem um problema de produtivid­ade, em que acaba por ser valorizada a cultura de horas extras, quando "nos países mais desenvolvi­dos do mundo não há horas extras. Tudo é feito nas horas certas". Por isso, o autarca defendeu que o País tem de ter novos métodos de produção e fabrico.

"O problema do ensino superior não é só de financiame­nto, veio a jusante. Tudo isto tem de ser trabalhado. É um problema europeu que ninguém resolve. Sem que isto se resolva, continuare­mos a ser um País de emigrantes", disse ainda.

Depois de recordar os vários projetos na área de Educação no seu concelho, Pedro Coelho divulgou dados estatístic­os sobre a evolução do concelho em termos de Educação, em que atualmente 93,7% dos estudantes concluem o ensino secundário. Há dez anos, apenas 71% concluía. Câmara de Lobos tem 7,6% da população com ensino superior, quase o dobro dos 3,91% verificado­s em 2011, disse.

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Pedro Coelho considerou que o País atualmente não é para os jovens licenciado­s, que ganham mal.

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