Sindicato culpa patrões pela falta de mão de obra
No início do mês de junho, hoteleiros do Algarve admitiam a hipótese de poderem fechar as portas nos meses de verão por causa da falta de mão de obra. O JM ouviu o Sindicato dos Trabalhadores na Hotelaria sobre se essa hipótese poderia também acontecer na Madeira, tendo o coordenador regional da estrutura sindical referido, numa primeira análise, que não acredita que isso vá acontecer. Mas, se eventualmente houver dificuldade em arranjar pessoas para trabalhar na hotelaria e na restauração - como ainda esta semana foi admitido no Parlamento regional - a culpa, segundo Adolfo Freitas, é do Governo e das entidades patronais. No seu entender, "basta dar melhores salários e melhores horários de trabalho, que vai aparecer muita gente".
Ao Jornal, Adolfo Freitas lembrou que há muito que o sindicato que representa tem alertado para os grandes sacrifícios que os trabalhadores têm feito. E dá exemplos: "um empregado de mesa de 2.ª, num hotel de 5 estrelas, ganha 796 euros. Um empregado de mesa de 1.ª ganha 855 euros. Ninguém entra logo com a categoria de 1ª. Quem quer trabalhar em horários de escravatura por 796 euros?".
O sindicalista vai mais longe e assegura que, ainda recentemente, participou numa reunião em que patrões diziam que estão a precisar de trabalhadores, mas que quem entrar tem de se sujeitar ao salário mínimo. "Isto não é normal. Há mulheres a fazerem dezenas de camas por dia. Cheias de dores no corpo de tanto trabalho. Há homens a carregarem montes de pratos, copos. A fazerem da vida um 31 para conseguirem levar o ordenado para casa", afirma Adolfo
Freitas, que garante que "nenhuma mulher quer limpar 30 a 40 quartos pelo ordenado mínimo". "Nenhum homem quer se sujeitar ao que faz na restauração ou na hotelaria pelo ordenado mínimo". Assim, defende que é preciso olhar com outros olhos para estes profissionais, pois, caso contrário, vão ficar mesmo sem gente para trabalhar. "E não venham dizer que não há dinheiro. Estamos a ter ocupações muito boas. Temos muito turista!", aponta.