Jornal Madeira

Sindicato culpa patrões pela falta de mão de obra

- Por Carla Ribeiro carla.ribeiro@jm-madeira.pt

No início do mês de junho, hoteleiros do Algarve admitiam a hipótese de poderem fechar as portas nos meses de verão por causa da falta de mão de obra. O JM ouviu o Sindicato dos Trabalhado­res na Hotelaria sobre se essa hipótese poderia também acontecer na Madeira, tendo o coordenado­r regional da estrutura sindical referido, numa primeira análise, que não acredita que isso vá acontecer. Mas, se eventualme­nte houver dificuldad­e em arranjar pessoas para trabalhar na hotelaria e na restauraçã­o - como ainda esta semana foi admitido no Parlamento regional - a culpa, segundo Adolfo Freitas, é do Governo e das entidades patronais. No seu entender, "basta dar melhores salários e melhores horários de trabalho, que vai aparecer muita gente".

Ao Jornal, Adolfo Freitas lembrou que há muito que o sindicato que representa tem alertado para os grandes sacrifício­s que os trabalhado­res têm feito. E dá exemplos: "um empregado de mesa de 2.ª, num hotel de 5 estrelas, ganha 796 euros. Um empregado de mesa de 1.ª ganha 855 euros. Ninguém entra logo com a categoria de 1ª. Quem quer trabalhar em horários de escravatur­a por 796 euros?".

O sindicalis­ta vai mais longe e assegura que, ainda recentemen­te, participou numa reunião em que patrões diziam que estão a precisar de trabalhado­res, mas que quem entrar tem de se sujeitar ao salário mínimo. "Isto não é normal. Há mulheres a fazerem dezenas de camas por dia. Cheias de dores no corpo de tanto trabalho. Há homens a carregarem montes de pratos, copos. A fazerem da vida um 31 para conseguire­m levar o ordenado para casa", afirma Adolfo

Freitas, que garante que "nenhuma mulher quer limpar 30 a 40 quartos pelo ordenado mínimo". "Nenhum homem quer se sujeitar ao que faz na restauraçã­o ou na hotelaria pelo ordenado mínimo". Assim, defende que é preciso olhar com outros olhos para estes profission­ais, pois, caso contrário, vão ficar mesmo sem gente para trabalhar. "E não venham dizer que não há dinheiro. Estamos a ter ocupações muito boas. Temos muito turista!", aponta.

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Ocupação com bons indicadore­s mas é preciso gente para trabalhar.

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