Tradição dos Fontanários reaviva a memória coletiva
A tradição de devolver aos icónicos fontanários – locais com bastante significado no património cultural da Região – a sua beleza, reforçada pelos enfeites vistosos, aconteceu ontem em vários pontos geográficos da Região.
Na Ribeira Brava, em Santana e no Funchal, vários participaram em concursos, maioritariamente da responsabilidade de Juntas de Freguesia locais, a fim de manter a tradição, engalanando os fontanários públicos por altura do São João.
Um momento vivido com alguma emoção, dada a interposição da pandemia de há dois anos a esta parte, mas que não foi suficiente para esmorecer a vontade de preservar esta tradição popular.
Assim, a onda de cor, observada nos enfeites, invadiu a Ribeira Brava, onde teve lugar a 14.ª edição do concurso de enfeites de fontanários, iniciativa integrada no âmbito das Festas de São João.
Conforme deu conta o Jornal, na sua edição impressa de quinta-feira, o concurso principiou pelas 15h00 e terminou às 00h00, tendo participado 12 pessoas da freguesia da Ribeira Brava e uma da Tabua (freguesia da Ponta do Sol que participou de forma especial), as quais ficaram responsáveis por adornar estes locais.
Locais esses que foram apetrechados com enfeites típicos religiosos, com a imagem de São João, mas também com balões, plantas e outros regalos para a vista.
Também em São Roque do Faial, Santana, onde se mantêm 14 fontanários, distribuídos por vários sítios, realizou-se a 18.ª edição do Concurso de Fontanários, propiciando, inclusive, o convívio entre a população que mora perto destes locais e que se mobiliza para este efeito.
Depois de decorados, um painel de jurados ficou incumbido de avaliar, sendo que foi atribuído um prémio de participação no valor de 30 euros a que acresce os prémios para os fontanários vencedores.
A norte, a comunhão terminou junto ao fontanário 1 do sítio do Pico do Cedro Gordo, onde foram entregues os respetivos prémios.
Igual cenário verificou-se em alguns sítios do Funchal, onde a tradição dos enfeites foi associada à típica ceia de São João.
Destaca-se, neste sentido, a XIX Edição do Concurso de Enfeites de Fontanários, em São Martinho, onde a concurso estiveram os fontanários da Nazaré, das Virtudes, do Amparo, do Pico Funcho, de Santa Rita, do Papagaio Verde, da Vitória, da Lombada e da Ajuda. Em suma, uma forma de manter vivos estes locais e preservar os costumes.
Estes concursos, que não foram realizados nos últimos dois anos devido à pandemia de covid-19, registaram uma adesão considerável por parte dos residentes das localidades que possuem fontanários.
Em cada zona, famílias inteiras, apoiadas por vizinhos e amigos, desdobraram-se em esforços para enfeitar os fontanários com os melhores adereços, que vão desde os tradicionais balões de São João até às plantas obrigatórias, como são casos da murta, louro e cana vieira.
No presente, a tradição varia consoante as localidades. Na Ribeira Brava, por exemplo, para além das plantas acima referidas, manda a tradição colocar também troços de bananeira com uma faca espetada, bem como um recipiente à boca da torneira.
Em muitas freguesias, os júris são recebidos num ambiente de festa, com os autores dos enfeites a oferecerem bebidas e petiscos tradicionais, como o vinho seco, licores, bolos e o incontornável atum de escabeche.