“Negócio do privado” está a fazer dos doentes “um número”
A decisão de dotar o Serviço Regional de Saúde da Madeira (SESARAM) de natureza empresarial está a desumanizar o atendimento aos utentes regionais. Esta é uma dos conclusões de um debate promovido pelo Be-madeira, que juntou ontem médicos, enfermeiros e utentes.
Da iniciativa, saiu também a sugestão de dotar a gestão de topo de SESARAM de profissionais com formação em saúde. De acordo com a coordenadora regional do BE, Dina Letra, a opinião generalizada é de que é prejudicial o facto de a atual gestão desconhecer a realidade da Saúde.
A ‘bloquista’ lamenta que o SESARAM privilegie o “negócio do privado” e faça dos doentes “um número”, estando mais preocupado em pressionar os médicos para atender o maior número de pacientes e em controlar os exames prescritos do que com o bem-estar dos utentes.
Dina Letra acrescenta que há um desinvestimento na melhoria dos recursos humanos e na aquisição de equipamentos, não estando o SESARAM a cumprir atualmente os direitos dos utentes a uma saúde gratuita e com qualidade. “O que interessa são as estatísticas”, insiste.
O BE denuncia ainda a falta de médicos especialistas nos centros de saúde e pede um reforço de enfermeiros para garantirem melhores serviços e evitarem o recurso às urgências hospitalares.
‘À Conversa sobre o Serviço Regional de Saúde’ foi o tema do debate, ontem, promovido pelo BE e que contou com a médica Letícia Abreu, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros da Madeira, Juan Carvalho, e a representante da Comissão de Utentes do SESARAM, Carolina Cardoso.