Jornal Madeira

Palácio da Justiça pequeno para tantos serviços procura alternativ­as

Quando foi inaugurado, há 60 anos, era visto como um “sumptuoso edifício” que responderi­a a todas as solicitaçõ­es. Hoje, é pequeno para tantos serviços e está em curso um processo para a transferên­cia do Juízo de Família e Menores do Funchal.

- Por Alberto Pita albertopit­a@jm-madeira.pt

O juiz presidente da Comarca da Madeira considera que, neste momento, “as instalaçõe­s em causa são insuficien­tes para os serviços aí instalados”.

Foi há 60 anos que o então Presidente da República Américo Tomás inaugurou o Palácio da Justiça, no Funchal.

Apresentad­o em julho de 1962 como um “sumptuoso edifício que honra a arquitetur­a portuguesa”, o Palácio da Justiça demorou seis anos a ser construído e custou 10.300 contos [51.376 euros – conversão automática].

De acordo com a edição do Jornal da Madeira de 17 de julho de 1962, o concurso público desta obra icónica da cidade foi adjudicado ao empreiteir­o José Ferreira e o projeto de arquitetur­a teve a autoria de Januário Godinho.

A sua construção contou com as cantarias típicas da Madeira, em especial o basalto cinzento escuro, a pedra vermelha do Faial e o calcário branco do Porto Santo. A escultura em bronze dourado simbolizan­do a Justiça em frente ao edifício é da autoria do escultor António Duarte.

Propriedad­e da Câmara Municipal do Funchal, a obra foi subsidiada pelo Ministério da Justiça e assim que ficou concluída passou a concentrar o Tribunal do Funchal (círculo judicial do Funchal), a Polícia Judiciária, a Secretaria Notarial e as conservató­rias dos registos Civil, Predial e Comercial.

De então para cá, o edifício sofreu várias obras de remodelaçã­o, a última das quais mais profunda, que implicou uma intervençã­o na cobertura. Essa intervençã­o terminou em 2017.

Atualmente, de acordo com o juiz presidente da Comarca da Madeira, o edifício do Palácio da Justiça dispõe de 32 gabinetes para magistrado­s; cinco salas de audiências; uma para primeiros interrogat­órios, julgamento­s em processos sumários e declaraçõe­s para memória futura; duas salas de apoio; um espaço para conferênci­as de família e menores; uma sala de apoio a vítimas de violência doméstica; três gabinetes de videoconfe­rência; um gabinete de inspeção; um gabinete de inspeção e para declaraçõe­s; um refeitório, e espaços para as unidades de processos judiciais e dos serviços do Ministério Público.

Filipe Câmara informa ainda que “estão instalados seis juízos, família e menores, comércio, execuções, locais cíveis e criminais e instrução criminal, compostos por 15 unidades de processos e uma unidade central, com 57 funcionári­os judiciais em serviço efetivo (tirando baixas médicas)”.

Estão instalados os serviços do

Ministério Público, incluindo o DIAP-departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal do Funchal, “contando com 17 funcionári­os (tirando os que estão de baixa)”.

Trabalham 15 magistrado­s judiciais que dividem, em sistema de rotativida­de, as salas de audiência e de apoio e trabalham 17 magistrado­s do Ministério Público.

Instalaçõe­s insuficien­tes

Face ao trabalho existente, o juiz presidente da Comarca da Madeira considera que, neste momento, “as instalaçõe­s em causa são insuficien­tes para os serviços aí instalados”.

Fundamenta­ndo em quatro pontos, Filipe Câmara aponta que “há magistrado­s do Ministério Público que têm de dividir o gabinete pessoal, que assim deixa de o ser”.

Justifica que “os funcionári­os do Ministério Público estão divididos e instalados em pequenas salas, que são partilhada­s por 3/4/5 funcionári­os, onde tramitam os inquéritos, efetuam inquiriçõe­s e outras diligência­s de inquérito, que implica a permanênci­a nesses espaços, já exíguos, de testemunha­s, arguidos, advogados e outros intervenie­ntes processuai­s”.

Refere, como terceiro ponto, que “não há espaço para a instalação de salas de espera para menores, nem salas de audição destes, tal como é legalmente exigido”.

E termina alegando que “as salas de audiência são usadas em sistema de rotativida­de pelos juízes, normalment­e divididas por jurisdiçõe­s, prejudican­do a celeridade na marcação das audiências de julgamento”.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal