Quase 700 detidos contra mobilização decretada por Putin
O presidente russo assinou, ontem, emendas ao Código Penal que preveem até 10 anos de prisão para os militares que se rendam ou se recusem a combater em período de mobilização
Mais de 680 pessoas foram detidas ontem em novos protestos contra a mobilização parcial decretada na quarta-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, para reforçar as tropas na Ucrânia, segundo organizações independentes.
"Às 18:51 em Moscovo (16:51 em Lisboa) já tinham sido detidas 689 pessoas em 30 cidades", assinalou a organização OVD-INFO, que faz o seguimento de detenções na Rússia.
O maior número de detenções teve lugar em Moscovo, onde as forças policiais tinham detido a essa hora 345 pessoas.
Na capital russa, as autoridades mobilizaram um vasto dispositivo policial que atuou preventivamente e deteve várias pessoas que passavam pelo local onde estava previsto decorrer a manifestação, segundo a agência Efe.
"Por que me levam? Vou para a estação de metro", disse uma jovem aos polícias que a escoltavam para uma carrinha policial, obtendo como resposta: "Vamos, senão vai ser pior!".
O número de pessoas que entravam na Finlândia provenientes da Rússia quase duplicou e havia filas nas fronteiras, após Helsínquia anunciar a decisão de bloquear a entrada a turistas russos, anunciou a guarda fronteiriça finlandesa.
Entretanto, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou, ontem, emendas ao Código Penal que preveem até 10 anos de prisão para os militares que se rendam ou se recusem a combater em período de mobilização.
As alterações, que tinham sido votadas no Parlamento na última semana, foram publicadas no portal do Governo e por isso entram em vigor.
As emendas preveem penas que podem ir até 10 anos de prisão para os soldados que desertem, que se rendam "sem autorização", que recusem combater ou que desobedeçam às ordens em período de mobilização.
Os atos de pilhagem também são puníveis com penas até 15 anos de prisão.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, acusou na ONU o Ocidente de "russofobia sem precedentes" e "grotesca".
"A russofobia oficial no Ocidente não tem precedentes, a sua dimensão é grotesca", declarou Lavrov, ao discursar na 77.ª sessão da Assembleia Geral da ONU.
Enquanto isso, as autoridades pró-russas relatavam uma participação elevada no primeiro dia de votação dos referendos de anexação, ontem no seu segundo dia, enquanto residentes e fontes ucranianas denunciam coação para participar na consulta.
Segundo o líder da autoproclamada república de Donetsk, Denis Pushilin, a participação no primeiro dia de votação foi de 23,64%, enquanto na vizinha Lugansk foi de 21,97%.
"Estou próxima da Rússia e considero-me russa. Apesar de ter nascido e crescido em Lugansk, onde vivo há 64 anos, sempre quis estar perto da Rússia", disse à agência oficial TASS a primeira pessoa a introduzir hoje o seu voto nesta região pró-russa.