Renaturalização da marina concluída até ao verão
A marina ficou concluída em 2004, mas apenas funcionou por poucos meses. Os custos totais terão rondado os 100 milhões de euros. Agora, será ‘renaturalizada’ até maio, por cerca de 200 mil euros.
A primeira fase da renaturalização da zona poente do Lugar de Baixo, onde em 2004 foi inaugurada a marina, deverá estar concluída até ao verão. Essa é, pelo menos, a intenção do Governo Regional, reforçada ontem pela presidente do conselho de administração das Sociedades de Desenvolvimento (SD).
A solução técnica, que deverá ter um custo a rondar os 200 mil euros, foi ontem apresentada pelo diretor do Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC), Pimenta de França, e Nivalda Gonçalves afirmou que o objetivo é "devolver o espaço à população o mais limpo possível". Com esse intuito, frisou, “a opção estratégica é para renaturalizar, não é para construir mais nada”.
Conforme adiantou a responsável das SD, a solução técnica que irá renaturalizar a zona poente do Lugar de Baixo, foi elaborada através de estudos encomendados ao LREC, ao LNEC [Laboratório Nacional de Engenharia Civil] e a um projetista. Coube a Pimenta de França explicar esta solução, que irá incluir a demolição do prédio da marina, a retirada das estacas e a limpeza da zona molhada e da envolvente, e também a criação de uma zona de solário e acesso ao mar.
“Tudo isto foi ponderado e há um conjunto de estudos que foram realizados para fundamentar a solução. A escarpa foi analisada, o atual acesso junto ao túnel também foi estudado, as ondas do mar foram estudadas”, assegurou o responsável do LREC.
A solução para o molhe, que está danificado, também foi equacionada, acrescentou Pimenta de
França, mas os estudos indicam que a remoção poderá aumentar a agitação marítima na zona de praia.
“Chegou-se à conclusão que, de certa forma, aquilo que lá está ainda constitui uma barreira, que permite que a área molhada no interior da marina seja utilizada durante mais de 90% dos dias do ano”, adiantou. “É isso que se está à procura, uma solução para permitir que a população use aquele espaço em condições de segurança, durante a maior parte do ano”.
Esta solução, realçou, “obriga a demolir e a limpar aquilo que constitui risco para as pessoas”. Referindo em específico o edifício, Pimenta de França vincou que “a estrutura apresenta patologias graves” e que este “está condenado”. “A sua recuperação é inviável a custos razoáveis”, acrescentou.
Adicionalmente, será criado um perímetro de segurança, numa faixa de 40 metros paralela à escarpa, dado ser esse o local onde há risco de impacto e ressalto de rochas que se desprendam do talude.
Também o antigo acesso, junto ao túnel, não reúne condições de segurança, pelo que a entrada será feita pelo lado do parque de estacionamento, na rampa que dava acesso ao edifício que será demolido.
Já a zona das piscinas e do edifício de apoio que lá existe, não será alvo, para já, de qualquer intervenção. “Será pensada mais tarde, em função daquilo que forem os desejos da população”, indicou o diretor do LREC.
De acordo com Nivalda Gonçalves, o concurso público será lançado esta semana, para que a intervenção, com um prazo de execução de 60 dias, se inicie ainda em abril. “A expectativa é que, até maio, esteja já concluída a intervenção”, adiantou.
Custo terá rondado os 100 ME
A renaturalização deverá ter um custo a rondar os 200 mil euros, explicou ontem Nivalda Gonçalves. No entanto, a construção, adaptação, e reparações implicaram um investimento muito mais avultado.
Com efeito, a obra da marina do Lugar de Baixo terá começado por significar um investimento de 29,7 milhões de euros, que derraparam durante a construção para mais de 36 milhões de euros.
Até ao final do último mandato de Alberto João Jardim, em janeiro de 2015, o Governo Regional continuou a injetar dinheiro na empreitada, em sucessivas reparações que elevaram, segundo dados oficiais, o custo da obra para um total de 51,2 milhões de euros. No entanto, os custos reais rondam os 100 milhões de euros.
Inaugurado em 2004, o espaço será finalmente “devolvido à população” 19 anos depois.