“Na Madeira, os enfermeiros têm pouco que reivindicar”
A declaração é de Pedro Ramos, o secretário regional da Saúde e Proteção Civil, que presidiu ontem à sessão de abertura de mais um fórum agregado ao Dia Internacional do Enfermeiro.
Num cenário único de pleno emprego, na Madeira existem exatamente 2.023 enfermeiros adstritos ao Serviço Regional de Saúde, mas Pedro Ramos apressou-se a esclarecer a plateia, que lotou uma das salas da Reitoria da UMA, constituída por cerca de uma centena de profissionais, e também representantes sindicais e responsáveis de serviço das estruturas de Saúde, que “isto não quer dizer que a partir de agora entre apenas um por ano”.
Aliás, “é sempre preciso mais. Há sempre enfermeiros que vão se reformar, há outros em que surgem oportunidades e acabam por pedir transferência, mobilidade, para outros sistemas de saúde e, acima de tudo, temos que planear os próximos anos. Se há cinco anos precisávamos de 400 enfermeiros e contratámos 597, também agora já estamos a planear para os próximos anos o Sistema Regional de Saúde”.
O momento, de boa disposição, complementou um outro em que o secretário regional que tutela a Saúde foi ovacionado, de pé, pela distinção que recebera na véspera, na Figueira da Foz, pela Ordem dos Enfermeiros como reconhecimento pelo trabalho realizado pelo Governo Regional em prol dos profissionais da classe na Madeira. “O prémio foi atribuído aos enfermeiros da Região, por tudo aquilo que temos feito ao longo destes anos”, relevou, contudo, Pedro Ramos.
Quiçá confortado por esta distinção, à comunicação social o governante havia já ressalvado que “o responsável pelo SINDEPOR aqui na Madeira já me disse que esta greve seria por solidariedade por aquilo que não acontece ao nível nacional. E no documento está tudo aquilo que tem sido realizado pelo Governo Regional, o diálogo que tem existido, as conquistas que temos realizado e isso deixa-nos satisfeitos”, numa alusão a uma paragem nacional ontem acontecida.
De resto, complementou que “estas reivindicações não são na Madeira, são no continente, no Sistema Nacional de Saúde, que está com grandes dificuldades e onde é preciso uma reorganização. Mas para que essa reorganização tenha sucesso, é preciso que respeitem os profissionais de Saúde”.
Confrontado com o pré-aviso de greve do Sindicato dos Enfermeiros da Madeira, para o final do mês, Pedro Ramos efetuou uma leitura semelhante. “Vamos continuar a fazer o que temos feito ao longo dos últimos anos. As conquistas e aquilo que são as aspirações e reivindicações dos enfermeiros terão a devida atenção por parte do Governo Regional, no momento próprio e, também, quando houver financiamento”, consoante partilhou.
“Em relação à Madeira, julgo que há pouco que reivindicar, porque as conquistas têm sido totais e completamente diferentes do Serviço Nacional de Saúde”, aditou.
Na sessão, em que Isabel Fragoeiro representou a UMA e Herberto Jesus também esteve presente, Rafaela Fernandes (SESARAM) lembrou as conquistas do passado e realçou que “todos juntos somos a força para a saúde das pessoas”, e José Ornelas, enfermeiro diretor, agradeceu a todos os profissionais “por termos formado uma equipa coesa” em tempo de pandemia, período que, se ainda houvesse necessidade disso, demonstrou que “os custos com os profissionais representam um investimento”.
“Na Madeira, as conquistas têm sido totais e completamente diferentes do SNS”, afiança Pedro Ramos.