Tecnologia deixa Albuquerque otimista
Nem os alertas deixados por especialistas em IA demovem Miguel Albuquerque de manter o otimismo em torno dos efeitos positivos da tecnologia no futuro.
O presidente do Governo Regional saiu ontem em defesa dos benefícios da tecnologia e, com base nas novas soluções, traçou um quadro otimista para o futuro.
“A tecnologia é a melhor opção que temos para combater o desperdício, o esgotamento dos recursos e enfrentarmos o futuro”, começou por dizer Miguel Albuquerque, no encerramento da conferência de apresentação do Hub Azul, projeto que resultou de uma parceria entre o Governo Regional, a Startup Madeira, a APRAM, a ARDITI, a SDM, o IDE e o Fórum Oceano.
No salão nobre do Governo Regional, Miguel Albuquerque reiterou a aposta nas novas tecnologias para o desenvolvimento regional, mostrando números que indicam que o valor do setor tecnológico já está próximo da faturação do turismo na Madeira.
“Em 2021, as empresas tecnológicas faturaram na Madeira 521 milhões de euros e a faturação do turismo, em 2022, foi de 528 milhões de euros”, comparou, admitindo que, se for mantida esta linha, “as tecnológicas vão ultrapassar a faturação do turismo”.
Esta solução agrada Albuquerque porque garante “às novas gerações uma oportunidade de ter bons empregos e bem remunerados e, sobretudo, centrados na competitividade, porque uma empresa tecnológica sediada no Centro Internacional de Negócios concorre em igualdade de circunstâncias com qualquer empresa em qualquer sítio do mundo”.
Mas a tecnologia pode ter múltiplos usos e vantagens, na ótica do chefe do Governo, e por isso, outra das apostas decisivas “é, indiscutivelmente, a indústria da aquacultura”, que nas últimas três décadas tem crescido a “6% ao ano”.
“Temos esta costa, um País descontinuado, que tem esta plataforma continental e [Portugal] importa metade do peixe que consome”, lamentou, acrescentando que, na Madeira, “mesmo com as limitações inerentes”, são vendidos “8,4 milhões de euros de peixe de aquacultura, por ano”.
Albuquerque disse também como as soluções tecnológicas podem ajudar o planeta. “Se nós fôssemos pela agricultura biológica, metade da humanidade morreria de fome, porque uma agricultura deste género consome muito mais água, esgota muito mais depressa os solos e, portanto, a grande opção é a produção agrícola ser feita através de tecnologia, onde às vezes nem a terra é necessária”.
Falou dos benefícios da computação, nomeadamente “a computação quântica que vai produzir uma mudança radical”, mas também da Inteligência Artificial. "Apesar de toda a gente estar com receio, é outra área que vai ser muito importante”, anteviu, “porque vai permitir ultrapassar dificuldades como as alterações climáticas, o aquecimento global e o tratamento de doenças como o cancro”.
Albuquerque apontou ainda a economia do mar como um campo a apostar, apesar da “conversa fiada” que hoje acontece em Portugal em torno da economia azul, onde “nada acontece”.
Neste campo, a Região tem tido sucesso no shipping do CINM, modalidade que já cresceu “800% e representa 900 navios de grande porte com bandeira portuguesa e 10 mil tripulantes registados” – assinalou.
Não obstante o otimismo que a tecnologia causa em Albuquerque, o presidente do Governo Regional reconheceu que “há sempre ameaças”. Ainda assim, “é melhor termos a tecnologia e enfrentarmos os riscos”, insistiu.