Pedro Ramos: Atual hospital terá outra utilização
O secretário regional de Saúde e Proteção Civil recorda a Legislatura diferente por causa da pandemia e elogia a ação desencadeada em todas as frentes. Promete nova Convenção até janeiro, vai pagar aos enfermeiros e espera mais Unidades de Saúde Familiar. Admite que o hospital Nélio Mendonça terá outra utilização fora da saúde.
Está a terminar o seu segundo mandato como titular da Saúde e da Proteção Civil. De uma forma geral, como avalia estes quatro anos?
Essa análise deve ser feita pela população. Esta Legislatura foi diferente porque atravessámos uma pandemia, algo que não acontecia há mais de uma centena de anos. Uma pandemia que nos condicionou, mas em que as medidas da Madeira tiveram um papel muito importante para proteger a população, os profissionais de Saúde e até a economia. Medidas não farmacológicas, como o uso das máscaras [pioneiro em Portugal] e a criação de ‘filtros’ [testagem] nos aeroportos, portos e marinas permitiram, de facto, que a Madeira pudesse ultrapassar esta pandemia, se calhar, com mais sucesso do que outras regiões, o que significa que as medidas tiveram resultado.
Apesar desse sucesso, o que é que correu mesmo bem e o que podia ter corrido muito melhor?
O que correu muito bem foi, de facto, a antecipação na abordagem da pandemia. Quando ela surgiu, em dezembro de 2019, a Secretaria Regional começou a acompanhar as notícias que vinham da província de Wuan. Depois, a partir de janeiro, começámos a acompanhar o desenvolvimento dos casos positivos. E fomos a primeira Região do País a apresentar o plano de resposta à Covid-19 (3 de fevereiro).
O que poderia ter corrido melhor é a vacinação. Tivemos uma boa taxa de vacinação na primeira e segunda dose, assim como nos reforços. Mas, depois, já não tivemos o acompanhamento da nossa população nas percentagens que nos habituou.
Houve um desacreditar?
Não. Posso vos dizer que fiz as cinco doses e nunca tive Covid-19. Julgo que houve um fartar da nossa população. Mas é preciso ver que as pessoas que continuam a se infetar são aquelas que não conseguiram proteger o sistema imunológico com o número de doses suficientes.
O novo hospital, que vamos ter em 2027, vai precisar de recursos humanos mais capacitados ao nível das tecnologias?
Há uma preparação que já está a acontecer. Temos vários projetos. O novo hospital terá menos camas, mais transformação digital, mais robótica, menos internamento, mais hospital de dia. As pessoas vão passar menos tempo nesta instituição, a não ser que tenham uma situação com alguma gravidade, que obrigue a um internamento mais prolongado.
Mas o novo hospital vai ter o quadro totalmente preenchido?
Estamos a trabalhar nesse sentido. Estamos a respeitar todos os grupos profissionais (médicos, enfermeiros, técnicos superiores de saúde, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, assistentes operacionais, assistentes técnicos). Descongelámos carreiras. Promovemos progressões. Remunerámos muito melhor. Regularizamos a avaliação de desempenho, que é um diploma que vamos discutir no próximo dia 24 na Assembleia e onde os pareceres de todos os sindicatos são favoráveis.
Quando o novo hospital entrar em funcionamento, o que acontecerá ao hospital dr. Nélio Mendonça e ao hospital dos Marmeleiros?
O presidente do Governo está a pensar no que vai ser feito. Naturalmente que o
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criámos sete equipas que permitem acompanhar melhor o doente. Portanto, desde 2015, são mais de cem milhões de euros de investimento na área da saúde mental.
A área que tutela tem estado na frente de combate da oposição política, nomeadamente no que toca ao relacionamento com privados, à limpeza das listas de espera, falha de medicamentos...