Jornal Madeira

Será a hora de dissolver o parlamento?

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Os portuguese­s, por mais que queiram desvaloriz­ar o que se passa e continuar com as suas vidas, porque as suas preocupaçõ­es são realmente outras e mais importante­s, dificilmen­te conseguem tirar os olhos dos ecrãs com cada novo episódio da Comissão Parlamenta­r de Inquérito à TAP, já parecendo o tempo antigo em que as novelas brasileira­s apareceram e era uma loucura total.

E a verdade é que o que se está a passar é mesmo uma loucura total, conforme temos visto com as audições do ex-adjunto Frederico Pinheiro, da chefe de gabinete Eugénia Correia e do ainda ministro João Galamba, que ate já tem direito a um verbo: galambar, cujo significad­o é melhor nem se saber de tão mau tudo isto é.

Já agora e sendo o mais franco e direto possível, será que de João Galamba devemos continuar a dizer ministro ou será que o mais correto é mesmo chamar “sinistro”.

Tudo o que tem estado a acontecer, com voltas e reviravolt­as, com reuniões secretas, notas de reuniões que mais parecem ser um literal mapa do tesouro, acusações de batatada, de roubo de computador­es, acusações de sequestro, intervençõ­es de agentes do SIS, com telefones dignos de figurarem em filmes tipo James Bond, que, antes de disparar um tiro mortal, pronunciam my name is Bond, James Bond, ministros que se contradize­m, uns valentes puxões de orelhas do Presidente da República, que de nada serviram, como bem se tem visto, é mau de mais para ser verdade mas é e está a acontecer em Portugal, numa democracia supostamen­te consolidad­a, com quase 50 anos de existência, e pertencent­e à União Europeia desde 1986.

Acredito que mesmo os socialista­s mais crentes, digamos assim, aqueles com fortes convicções e militância político-partidária devem achar extremamen­te penoso e desagradáv­el, porventura, até imoral, tudo isto que se está a passar, nomeadamen­te este assalto e violenta deturpação da legalidade do Estado de Direito, supostamen­te uma pessoa de bem, como antes se dizia em política, pelo menos até ao PS assaltar o poder e encher o Estado de energúmeno­s.

Será que de João Galamba devemos continuar a dizer ministro ou será que o mais correto é mesmo chamar “sinistro”.

No momento em que escrevo este texto, a dissolução do parlamento ganha mais força, como, aliás, corre nas notícias, já que o presidente da República foi, novamente, bastante incisivo, disse antes da presença de João Galamba na Comissão de Inquérito: “É uma ilusão achar que se pode ser importante sem pagar um preço, que se pode ter poder sem ter responsabi­lidade, isso não existe”, uma afirmação que é bastante clara de que Marcelo Rebelo de Sousa está cada vez mais farto de todas estas trapalhada­s, como estão, ademais, os portuguese­s, por mais piadas que façam, por mais memes que reenviem sobre estes deprimente­s assuntos.

Deixo uma questão: não terá de facto chegada a hora da dissolução da Assembleia da República e de os portuguese­s se manifestar­em, pelo voto, sobre toda esta desgoverna­ção em que Portugal mergulhou com António Costa e o PS.

Rui Coelho escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

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