Jornal Madeira

Não esquecer para não repetir

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No próximo dia 31 de maio o Museu de ImprensaMa­deira, numa parceria da autarquia de Câmara de Lobos e o Instituto +Liberdade, acolhe a exposição internacio­nal "Memória – Totalitari­smo na Europa", que ficará patente até ao dia 7 de julho. Esta exposição visa homenagear os milhões de pessoas que foram vítimas dos regimes políticos mais criminosos e hediondos que a Europa, e o Mundo, conheceram: o nazismo, o comunismo e o fascismo.

Partindo de uma iniciativa promovida pela Plataforma da Memória e Consciênci­a Europeia, conta com o apoio do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia. Com indiscutív­el credibilid­ade científica e rigor histórico, a exposição "Memória – Totalitari­smo na Europa" convoca-nos ao encontro com a história e relembrar as consequênc­ias do totalitari­smo.

É preciso lembrar, e relembrar, esse passado de terror, para que a memória do tempo não fique para trás. A consciênci­a clara dos erros passados é a única forma de não os voltar a cometer. É preciso tratar os crimes contra humanidade como crimes contra humanidade, independen­temente do chapéu ideológico que os justificou.

Sem amarras ou complexos ideológico­s, a exposição já foi apresentad­a em mais de 20 grandes cidades de 19 países da Europa e da América do Norte, tendo estado presente em diversos parlamento­s nacionais e europeus (entre os quais o Parlamento Europeu ou a Assembleia Parlamenta­r do Conselho da Europa). Chegou a Portugal em agosto de 2021, onde já percorreu várias cidades em todo o país.

Por todo o lado onde passou, reuniu um largo consenso junto daqueles que lutam por uma Europa que se quer livre, democrátic­a e que procura não esquecer o seu passado trágico, para evitar que regimes totalitári­os se repitam.

Partindo de uma leitura rigorosa sobre os factos históricos, a exposição apenas surpreende e choca quem desconhece o passado da Europa e do Mundo. Tanto o fascismo e o nazismo, quanto o comunismo, tinham, e têm, projetos de controlo total da sociedade e do Estado, que, onde foram experiment­ados, resultaram em tragédias humanas, que antes do século XX considerar­íamos inimagináv­eis. Se não compreende­rmos isso podemos ser conduzidos a percorrer os mesmos caminhos.

Só em dois locais esta exposição suscitou polémica e espanto: na Rússia e na Assembleia da República Portuguesa. A exposição que coloca a nu os crimes cometidos contra a humanidade por regimes fascistas e comunistas em diversos países europeus, foi recusada, no ano passado, por Augusto Santos Silva, sob o pretexto de existirem reservas sobre o seu “equilíbrio científico e historiogr­áfico”.

Como bem sabemos, Santos Silva e a esquerda parlamenta­r nacional, na sua generalida­de, têm uma relação difícil com a verdade histórica. Por isso, nada de isto é verdadeira­mente novo. A recusa em acolher a exposição na Casa da Democracia, inscreve-se na longa tradição negacionis­ta da esquerda radical, de branquear o papel devastador que o comunismo teve na memória europeia.

Os defensores das ideologias totalitári­as, de natureza comunista ou fascista, sabem que só podem fazer progressos onde houver inquietaçã­o, conflito ou luta aberta. Procuram aumentar as discórdias sociais, para que delas saia a anarquia e o caos que, por seu turno, gerarão a necessidad­e de uma férrea ditadura.

É, por isso, preciso mobilizar a sociedade civil, numa luta não violenta, em defesa do homem livre, da palavra e da justiça, para resistir aos espíritos primários, contra o materialis­mo dialético da esquerda e a burocracia totalitári­a da direita.

A exposição "Memória – Totalitari­smo na Europa" dá mais um contributo para esse debate!

Leonel Correia Silva escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas

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